sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Uma Publicação VERDADES VIVAS


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Sumário dos Vários Relacionamentos na Casa de Deus e a Conduta Adequada a Cada um

Sumário dos Vários Relacionamentos na Casa de Deus e a Conduta Adequada a Cada um 

  • Homens mais velhos – com respeito.
  • Homens jovens – com amor fraterno.
  • Mulheres mais velhas – com cortesia.
  • Mulheres jovens – com toda pureza.
  • Viúvas (mais velhas e mais jovens) – de várias maneiras.
  • Supervisores – com duplicada honra.
  • Irmãos que pecaram – com repreensão.
  • Novas associações – com cautela.
  • Servos (Escravos) – com exortação para se submeterem aos seus senhores.
  • Falsos mestres – com separação.
  • Pessoas avarentas – fugindo do amor ao dinheiro.
  • Irmãos abastados – sem parcialidade.


Irmãos Abastados


Irmãos Abastados

Cap. 6:17-21 – Visto que Paulo estava falando de riqueza material nesse capítulo, e daqueles que a buscam, ele trata de uma última classe de pessoas na casa de Deus – irmãos abastados. Ele se refere a esses como, “os ricos”. A mente mundana teria colocado esses em primeiro na longa lista de indivíduos que ele forneceu, mas Paulo os coloca por último. Isso não foi um acidente; ele está nos mostrando que não devemos considerar pessoas com base em seu status na vida (Tg 2:1-4).
Timóteo devia “mandar aos irmãos que fossem ricos nesse mundo, a que não se ocupassem com suas riquezas. Paulo não queria que eles pusessem sua “esperança” em suas riquezas, mas sim em “Deus” porque as riquezas podem criar asas e voar (Pv 23:4-5). Salmo 62:10 diz: “se as vossas riquezas aumentam, não ponhais nelas o coração”.
Paulo prossegue para tratar de três grandes perigos que aqueles que são ricos precisam se guardar:
  • Arrogância (“altivos”) – ter uma atitude de alguém que merece um tratamento preferencial por serem superiores aos outros crentes (v. 17a).
  • Independência (“ponham a esperança na incerteza das riquezas”) – não se lançando sobre Deus para as necessidades diárias da vida (v. 17b).
  • Egoísmo (não ser “generosos em dar” (ARA) nem “dispostos a repartir” (ARA) – acumulando bens materiais enquanto outros estão passando necessidade (v. 18). 
V. 19 – Todos aqueles que repartem de suas riquezas “entesouram para si mesmos uma recompensa futura para o tempo que há de vir e também ganham uma recompensa presente que é o desfrutar da “vida eterna” hoje. Nesse sentido, enquanto a ARC traz “alcançar a vida eterna”, a TB traz “se apoderem da vida que é realmente vida”. Isso se refere à comunhão com o Pai e o Filho. Todos aqueles que desfrutam desse privilégio encontraram o segredo da vida. Aqueles que não tem essa dimensão espiritual em suas vidas não estão realmente vivendo, porque a vida que tem consistência não é encontrada no dinheiro ou naquilo que o dinheiro pode comprar.
O Senhor ensinou que as riquezas da injustiça não são para serem servidas, mas sim, para serem usadas tendo em vista o futuro. Ele disse: “Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos” (Lc 16:9). Riquezas terrenas certamente irão “faltar” no sentido que elas não irão para a eternidade. Enquanto o dinheiro não irá permanecer, a forma como nós o usamos, permanecerá.
Vs. 20-21 – Paulo encerra a epístola com um caloroso apelo a Timóteo para guardar “o depósito” da verdade que “foi confiado” a ele. Ele devia “evitar” qualquer mistura de “clamores vãos e profanos e as oposições da falsamente chamada ciência [conhecimento – JND] com a verdade, que apenas iria corrompê-la. Essas coisas procedem da mente filosófica do homem. Aqueles que aceitaram tais ideias e as misturaram com ministério Cristão “se desviaram da fé [não alcançaram a fé – JND]. Timóteo devia tomar o cuidado de não permitir tal mistura em seu ministério.
Paulo o lembra do suprimento de “graça” que Deus daria, que o capacitaria no trabalho que ele devia fazer.

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Embora Paulo tenha escrito muito antes do surgimento e desenvolvimento dos sistemas de erro que podem agora ser facilmente identificados na Cristandade, é realmente espantoso que ele tenha exposto a essência desses sistemas nessa carta a Timóteo. Essa é uma confirmação de que ele escreveu sob inspiração.
  • Capítulo 4:1-5 se aplica ao Catolicismo – que proíbe o casamento e a ingestão de carne às sextas-feiras.
  • Capítulo 6:3-4 se aplica à Teologia (do Pacto) Protestante que incentiva o envolvimento em causas terrenas para melhorar o mundo.
  • Capítulo 6:5-8 se aplica ao moderno Movimento Carismático evangélico, cujo “evangelho da prosperidade” incentiva a avareza.
  • Capítulo 6:20 se aplica à mistura de filosofia e verdade, que é muito comum no ministério Cristão atualmente.


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Pessoas Avarentas


Pessoas Avarentas

Cap. 6:9-16 – Tendo falado dos falsos mestres cujo ministério tem o efeito de estimular a avareza naqueles que estão sob seu ensino, Paulo agora passa a falar da classe de pessoas que recebe a doutrina deles. Ele designa esses como “os que querem ser ricos”. Eles são pessoas avarentas que são atraídas pela linha carnal de ministério dos falsos mestres.
V. 9 – Ao dizer “os que querem ser ricos”, Paulo não está falando necessariamente de pessoas ricas, mas daqueles que tem o “desejo” (JND) de ser ricos. O mal que ele está condenando é o de estabelecer para si mesmo o objetivo de ser rico. Uma pessoa pobre pode ter esse mau desejo, assim como uma pessoa rica. Isso leva Paulo a fazer um solene discurso a Timóteo sobre o uso e o abuso das riquezas, que continua por todo resto do capítulo. Ele dá algumas palavras de exortação bastante necessárias para aqueles que vivem nessa desenvolvida civilização ocidental onde a prosperidade tem quase matado o Cristianismo.
Ele diz a Timóteo que aqueles que perseguem as riquezas como um objetivo, “caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína”. Isso não significa que Cristãos que cobiçam riquezas perderão sua salvação, mas que o pecado de perseguir as riquezas é tão perigoso e cegante que impede homens em seus pecados de irem a Cristo. Saber que esse pecado tem tamanho poder sobre a alma de uma pessoa deveria alarmar qualquer Cristão sensato, e fazê-lo julgar e abandonar qualquer ideia de cobiçar riquezas.
V. 10 – Paulo prossegue com seu alerta, dizendo, “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé [têm vagueado[1] da fé – JND], e se traspassaram a si mesmos com muitas dores”. As pessoas geralmente citam esse verso de maneira errada, dizendo que “dinheiro é a raiz de todos os males”. Mas isso não é o que ele diz; é o amor ao dinheiro que é a raiz de todos os males. As riquezas em si não são condenadas; antes, é o “amor” pelas riquezas e o “querer” (ter o desejo de) tê-las que é. Seu argumento é que se um homem ama desesperadamente o dinheiro, ele expõe a si mesmo a todo tipo de males que lutam contra sua alma. Aqueles que vão atrás de riquezas, com um mal desejo, pensam que conseguirão alegria e felicidade, mas isso produz apenas sofrimento. Eles buscam muitas riquezas, mas o que conseguem é “muitas dores”. Estejamos avisados; e lembremo-nos de que o amor ao dinheiro nem sempre começa com tendo milhões; pode começar com amor a cinco ou dez centavos! Paulo não está louvando a pobreza; ele está advertindo contra a avareza.
Vs. 11-12 – Tendo em conta o aumento dos ensinos errados e do desvio rumo ao lucro material entre muitos na casa de Deus, Paulo exorta Timóteo a fazer quatro coisas: ele devia “fugir” da avareza, “seguir” as características morais do reino em sua vida pessoal, e “militar [combater – ARA]” o bom combate da fé. Por último, mas não menos importante, ele devia “tomar posse da vida eterna”. Ao fazer essas coisas, Timóteo estaria em uma condição adequada para testemunhar uma “boa confissão” diante de todos.
Há uma ordem moral para essas coisas. Conforme o avanço do declínio no testemunho Cristão (cap. 4:1), haveria uma oposição crescente à revelação Cristã da verdade, como Paulo havia ensinado. Havia, portanto, uma grande necessidade de um homem como Timóteo estar engajado no “combate da fé” (conforme nota de rodapé da tradução de J. N. Darby em 1 Tm 6:12), que é defender toda a verdade de Deus. No entanto, Timóteo não teria nenhum poder nesse “bom conflito” se ele primeiro não fugisse do mal e seguisse o bem.
Ao fazer seu apelo a Timóteo, Paulo dá a ele um elogio muito alto ao chamá-lo de “homem de Deus”. Esse termo só aparece nas Escrituras quando a massa do povo professo de Deus falha em sua responsabilidade coletiva. Significa um homem que permanece fiel a Deus e age por Ele quando aqueles que professam conhecer a Deus demonstram ser infiéis. O termo sempre é usado no singular, significando que fidelidade é algo estritamente individual. Na primeira epístola, Paulo aplica o termo a Timóteo, mas na segunda epístola, ele o aplica a todos que caminhariam fielmente em um dia mal (2 Tm 3:16-17).
Como mencionado anteriormente, Timóteo precisava primeiro “fugir” da busca pelas riquezas. Ele não tinha que fugir do dinheiro, mas da avidez de tê-lo. “Tentação, e laço” que vêm com tal busca maligna tem desencaminhado muitos que de outra forma poderiam ter sido úteis no serviço do Senhor. O próprio Senhor advertiu “Não podeis servir a Deus e a mamom” (Lc 16:13). Mamom era o deus cananeu da fartura e da prosperidade. Esse deus permanece como um símbolo da avidez pela fartura material e riquezas. Se Timóteo tivesse qualquer anseio por “essas coisas” ele não seria eficiente nesse conflito espiritual.
Não era o suficiente para Timóteo evitar o mal; ele também devia “seguir [perseguir – JND] a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência [perseverança – JND], a mansidão”. Essas características morais do reino de Deus deviam estar nele como uma demonstração viva da verdade (Rm 14:17). Essas qualidades necessárias em um homem de Deus não se tornam parte de uma pessoa por acidente; elas devem ser buscadas. Isso requer um exercício de alma e propósito de coração para adquirir tais qualidades.
Fazendo essas coisas, Timóteo adquiriria a força moral e a coragem para “combater (diligentemente – JND) o “bom combate da fé”. – que consiste em “batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Jd 3 – ARA). O fato de isso ser chamado um “combate” e uma “batalha” mostra que há uma verdadeira batalha em andamento para anular a verdade. Há muitos artifícios mobilizados contra o testemunho Cristão, assim como há muitos adversários (1 Co 16:9; 2 Co 2:11).
É dito à Timóteo: “milites” a “boa milícia” (cap. 1:18), mas não entrando em discussões carnais sobre a verdade. Ele devia apresentar a verdade da posição de alguém que está desfrutando atualmente dela. Por isso, Paulo acrescenta uma quarta coisa – a necessidade de “tomar posse da vida eterna”. O que isso significa? A vida eterna é nossa a partir do momento em que cremos no evangelho (Jo 3:15, etc.), ainda assim, somos exortados a “tomar posse” dela em termos práticos. Cada Cristão possui vida eterna como um dom de Deus (Rm 6:23), mas tomar posse dessa vida na prática é uma outra questão. A essência da vida eterna é ter comunhão consciente com o Pai e o Filho (Jo 17:3; 1 Jo 1:3) no poder do Espírito Santo de Deus habitando em nós (João 4:14). Portanto, tomar posse dessa vida é viver no prazer da comunhão com o Pai e o Filho. Aqui reside o segredo do poder para testemunhar “a boa confissão”.
Cristãos avarentos estão lutando para obter riqueza, mas o Cristão fiel está em uma luta para defender a verdade. As consequências dessas buscas diferentes são opostas; os Cristãos avarentos “se desviam da fé (v. 10), mas os Cristãos fiéis permanecem firmes no “combate da fé (v. 12 – ARA).
V. 13 – Ao testemunhar a boa confissão, certamente iremos encontrar oposição. Paulo não minimiza isso. Perseguição viria (2 Tm 3:12), mas ele lembrou a Timóteo de que ele vivia sob o olhar do “Deus que preserva a vida de todas as coisas” (ARA). Isso foi mencionado para fortalecer a confiança de Timóteo no Senhor, a fim de que ele permanecesse em seu testemunho pela verdade destemidamente. Para encorajá-lo ainda mais, Paulo coloca o Senhor Jesus diante dele como o Exemplo perfeito de fidelidade.
É apropriado que essa epístola – que tem a ver com aqueles que compõem a casa de Deus manifestando corretamente o caráter de Deus – deva terminar com a manifestação suprema na Pessoa de Cristo. Quando Ele esteve aqui na Terra, Ele foi o grande Confessor da verdade e Representante perfeito de Deus. Ele “diante de Pôncio Pilatos deu o testemunho de boa confissão” ao manifestar perfeitamente Deus diante de enorme oposição. Ele não comprometeria nada diante de Pilatos, mas esteve inabalável em Sua confissão, ainda que Suas palavras fossem poucas.
V. 14 – Paulo não diz que a boa confissão de nosso Senhor culminou com Ele sendo martirizado por homens perversos – que era algo que realmente poderia acontecer a Timóteo. Em vez disso, direciona-o à “Aparição de nosso Senhor Jesus Cristo”. Para encorajar a Timóteo ainda mais nessa posição pela verdade, Paulo lembra a ele de que a fidelidade terá sua recompensa no dia futuro. Se o mandamento (encargo) fosse mantido “sem mácula e irrepreensão” seria recompensado, e manifestado na Aparição de Cristo. Embora todo testemunho possa parecer ser inútil em virtude da incredulidade do homem, na Aparição as consequências de tal fidelidade serão manifestadas diante de todos.
Vs. 15-16 – Em conexão com o fato de que nossa confissão atual será recompensada no dia vindouro, Paulo chama atenção para a grande recompensa que Cristo irá receber no momento de Sua Aparição. “A seu tempo” (na Aparição), o “bendito e único Soberano” (Deus) (ARA) “mostrará” a todos “o Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Cristo). (É difícil discernir se os pronomes nesses versos estão se referindo a Deus o Pai ou ao Senhor Jesus Cristo, mas aquilo que afirmamos parece ser o sentido geralmente aceito dessa passagem.)
O assunto nessa passagem é esse: visto que o Senhor Jesus manifestou a Deus fielmente em Seu primeiro advento, Deus O manifestará em Seu segundo advento. Será uma manifestação gloriosa, mas não de Cristo em Sua deidade essencial, pois isso está além do conhecimento da criatura e Ele subsiste em luz inacessível. Em Seu Ser essencial, Deus tem “Ele só” “a imortalidade, e habita na luz inacessível [inaproximável – JND]; a Quem nenhum dos homens viu nem pode ver [nem é capaz de ver – JND]. Deus na essência abstrata de Seu Ser não será visto naquele dia, mas Cristo como um Homem glorificado será o centro de toda glória visível. J. N. Darby disse: “É Deus na abstração de Sua essência, na própria imutabilidade de Seu Ser, nas prerrogativas de Sua majestade, encoberto a todos os homens”.
Após falar da grandeza de Deus e glória de Cristo, Paulo não pôde deixar de acrescentar uma pequena doxologia de louvor – “ao Qual seja honra e poder sempiterno. Amém”.




[1] N. do T.: Vaguear significa andar sem destino ou rumo certo, deixando-se dominar por fantasias e imaginação.

Falsos Mestres


Falsos Mestres

Cap. 6:3-8 – Paulo passa a tratar sobre como devemos lidar com falsos mestres na casa de Deus. Ele se refere a tais indivíduos na frase, “Se alguém ensina diferentemente” (JND). Que falsos mestres se levantariam na casa de Deus é realmente triste, mas no capítulo 4:1, Paulo alertou que isso aconteceria.
V. 3 – Ensinar coisas “diferentemente”, se refere especificamente àquilo sobre o que Paulo estava falando nos dois versos anteriores, em que ele ensinou submissão à autoridade no local de trabalho, em vez de rebelião contra os erros da escravidão. Mas isso tem uma aplicação mais ampla, e pode abranger qualquer coisa que for heterodoxa[1] e contrária à verdade que foi entregue aos santos (Jd 3). Ministério que ensina Cristãos a lutarem por seus direitos nesse mundo e a se envolverem em iniciativas para corrigir as injustiças na sociedade é algo contrário ao que Paulo ensinou. Hamilton Smith disse: “Aparentemente, naquele período inicial havia aqueles que ensinavam de outra forma. Eles viam o Cristianismo apenas como um meio para melhorar as condições sociais de homens e mulheres, e assim fazer desse mundo um lugar melhor e mais radiante”.
É triste dizer, mas essas coisas são o foco em muitos círculos Cristãos atualmente. Cada vez mais, Cristãos estão se envolvendo em causas políticas e reformas sociais, mas isso não é ministério Cristão verdadeiro. Isso “não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade” (AIBB). O Senhor não ensinou tais coisas em Seu ministério terreno (os evangelhos), nem essa linha de coisas coincidem com a doutrina da graça no Cristianismo ensinadas pelos apóstolos (as epístolas).
Esse erro decorre das ideias erradas da Teologia Reformada (também conhecida como Teologia do Pacto) que, entre outros erros, ensina que nossos esforços evangelísticos são para converter e consertar o mundo, que, por sua vez, deixarão esse mundo pronto para o Senhor vir e começar Seu reino milenar. É triste dizer que Cristãos sob influência desse ensino falso, estão usando suas energias numa tentativa de alinhar o mundo aos princípios de justiça do reino. Mas essa é uma causa perdida! A Escritura ensina que o reino de Cristo não será estabelecido pelos esforços evangelísticos de Cristãos, mas pelo julgamento que será executado por Cristo em Sua Aparição (Is 26:9).
É significativo que Paulo menciona “doutrina” antes de “piedade”. Como foi muitas vezes afirmado, nossa doutrina forma nosso andar; temos que crer corretamente antes de podermos andar corretamente. Sã doutrina resulta em piedade prática. Repare também que Paulo fala de mestres enganadores nessa passagem no singular (“se alguém”), mas em sua segunda epístola, ele fala deles no plural (2 Tm 1:15; 2:17; 4:3). Isso mostra que com o passar do tempo, haveria um aumento de mestres com ensinos divergentes.
V. 4 – Paulo continua a explicar que essas falsas ideias vêm do orgulho do coração humano (“soberbo [inchado – JND]) e da ignorância da mente humana que (“nada sabe”). Toda essa presunção não promove feliz comunhão na casa de Deus, pelo contrário, isso a põe abaixo. Onde quer que ensinos errôneos sejam encontrados, inquietação e tristeza os acompanham. Há “questões e contendas de palavras” e “invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas”, etc.
Vs. 5-8 – Paulo acrescenta que esses falsos mestres, que eram “homens corruptos de entendimento, e privados da verdade”, tinham como motivo oculto a cobiça pelo dinheiro – e isso aparecia em seus ensinos. Ele diz: “cuidando que a piedade seja causa de ganho [sustentando ser o ganho a finalidade da piedade – JND]. Eles sustentam e ensinam que se uma pessoa vive uma piedosa e vitoriosa vida Cristã, Deus o abençoará com ganho material. Desse princípio errado, vem a ideia de que se você está fazendo a vontade de Deus, Ele lhe fará próspero e rico, e isso (dizem eles) será um testemunho para o mundo da bondade de Deus, e atrairá pessoas a Cristo. No entanto, se trata de misturar cobiça da carne com a graça de Deus e então apresentar isso como a verdade do evangelho. As pessoas podem até se sentir atraídas, mas não é Cristo que elas querem – é o dinheiro. Esse ensino errôneo predomina atualmente. O assim chamado “evangelho da prosperidade” que o “movimento carismático” prega, é um exemplo desse erro. Essencialmente eles reduzem o Cristianismo a algo um pouco melhor do que um meio de melhorar o status de uma pessoa no mundo. As palavras “Aparta-te dos tais” (KJV e ARC) têm pouca autoridade de manuscrito e foram deixadas fora de muitas traduções mais críticas. Ainda que esse seja o caso, esse é um bom conselho em relação a esse tipo de mestres.
Muitos consideram que é perfeitamente aceitável ter comunhão com mestres de má doutrina, ainda que esses mestres sustentem coisas que são contrárias à verdade quanto à Pessoa e obra de Cristo. Eles pensam que não há problema contanto que eles pessoalmente não sustentem essas coisas. Mas isso é ingenuidade; mais cedo ou mais tarde seremos contaminados por essas coisas. Paulo repreendeu os Coríntios por sua má doutrina em relação à ressurreição, que eles tinham adquirido por não serem cuidadosos com suas associações. Ele diz: “Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes” (1 Co 15:33). Esse verso é frequentemente utilizado em conexão com o perigo de adquirir maus hábitos morais por sermos descuidados com nossas associações, mas isso na verdade tem a ver com adquirir má doutrina por meio de nossas associações. O apóstolo João disse claramente quais devem ser nossas atitudes quando nos deparamos com aqueles que não sustentam a verdade em relação à Pessoa de Cristo. Ele disse: “Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras” (2 Jo 11). Isso significa que ainda que não sustentemos essas más doutrinas, se nos associamos com aqueles que o fazem, somos considerados como sendo cúmplices com eles! Visto que a associação com o mal contamina, a forma de tratar todos esses mestres de má doutrina na casa de Deus é nos “apartando” deles (2 Tm 2:16:-21).
Nessa passagem, Paulo contrasta dois tipos de “ganho”: ganho material (v. 5), e ganho espiritual (v. 6). Falsos mestres irão muitas vezes promover ganho material em seu ministério, mas o verdadeiro Cristianismo promove ganho espiritual e contentamento com aquilo que Deus tem dado em coisas temporais. Ele diz: “é grande ganho a piedade com contentamento”. Ele também diz: “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (ARA). Paulo era um exemplo prático disso (Fp 4:11-13). Podemos nos perguntar, “E quanto a um lugar para morar?” A palavra “vestir [cobrir – ARC], no grego, significa “uma cobertura”, sem especificar que tipo de cobertura. É, portanto, ampla o suficiente para incluir uma cobertura sobre nossas cabeças na forma de um lugar para habitar (um alojamento).


[1] N. do T.: Heterodoxo é aquilo que se opõe aos padrões, normas, regras ou a uma doutrina pré-estabelecida. Do grego hetero que significa “diversa” e doxa que significa “fé”. É o que está em desconformidade com a doutrina tradicional.

Servos (Escravos)


Servos (Escravos)

Capítulo 6 – Nesse capítulo, Paulo continua a tratar das coisas que dizem respeito à comunhão na casa de Deus. Ele exorta contra tudo aquilo que poderia prejudicar os relacionamentos especiais que temos uns com os outros, e isso, por conta do testemunho público do Cristianismo perante o mundo.
Cap. 6:1-2 – Paulo em seguida trata dos “servos [escravos – JND] que estavam sob a autoridade de seus senhores. Esses crentes eram escravos. Isso é algo que nunca foi planejado para o homem, mas foi instituído por homens perversos por motivos torpes. É significativo, no entanto, que Paulo não diz a esses crentes escravos para se livrarem dessa situação. Pelo contrário, ele diz a eles para se comportarem adequadamente nessa situação para que o testemunho da graça de Deus não fosse manchado.
Isso mostra que o Cristianismo não é uma força para corrigir injustiças sociais no mundo. Quando o Senhor veio em Sua primeira vinda, Ele não Se empenhou em reformar o mundo e restaurar seus erros terrenos – quer fossem sociais ou políticos. Ele fará isso num dia vindouro quando intervier em julgamento em Sua Aparição; então toda coisa tortuosa nesse mundo será endireitada (Is 40:3-5). Os Cristãos não devem tentar consertar o mundo agora, mas aguardar por aquele dia (Mt 13:28-29). Devemos deixar o mundo tal como está, e anunciar o evangelho que convoca os homens a saírem dele para o céu. Não há, portanto, nenhuma ordem nas epístolas para Cristãos consertarem os erros da escravidão, ou qualquer outra injustiça social nesse mundo. Isso é porque estamos “no” mundo, mas não somos “do” mundo (Jo 17:14). O Senhor disse que se Seu reino fosse “deste mundo”, então Seus servos lutariam nessas circunstâncias (Jo 18:36). Mas visto que não era esse o caso, devemos “deixar o caco se esforçar com os cacos da Terra” (Is 45:9 – JND). A esse respeito, Hamilton Smith disse: “O grande objetivo da casa de Deus não é melhorar o mundo, mas dar testemunho da graça de Deus a fim de que homens possam ser salvos do mundo, que, mesmo com a desenvolvimento cultural e algumas melhorias sociais, está indo para o juízo”.
Paulo vê dois cenários em relação aos servos (escravos): um onde o senhor talvez não seja um crente (v. 1), e outro onde o senhor é um crente (v. 2). A grande preocupação de Paulo em ambos os casos é que “o nome de Deus e a doutrina [o ensino – JND] não sejam blasfemados”. Vemos aqui, como tantas vezes nessa epístola, que o foco está em manter um bom testemunho exterior perante o mundo. Isso nos mostra também que independentemente de onde uma pessoa está na escala social, ela ainda tem uma oportunidade de testemunhar de Cristo.
Nota: Paulo não diz a esses servos para fugirem, como Onésimo fez antes de ser salvo (Fm 15). Em vez disso, eles deviam permanecer nessa situação de vida e glorificar a Deus diante de seus senhores tratando-os com “toda a honra”. Isso renderia um bom testemunho perante todos.
Se o senhor fosse um crente, o servo poderia estar inclinado a “desprezar” a ele por promover o princípio mundano da escravidão, mesmo ele sendo um irmão no Senhor. Seria especialmente difícil para os servos respeitar seus senhores nessa situação, sabendo que eles tinham o seu “benefício pelo bom e pronto serviço [prestado]” (JND) pelo servo. Não obstante, os servos deviam tratar seus senhores crentes “com sujeição porque eles são fiéis e amados” (JND).
Poderíamos nos perguntar que lição nós – que vivemos no mundo Cristão ocidental de hoje – poderíamos tirar disso, visto que a escravidão foi abolida há muito tempo nessas regiões. No entanto, quando estamos numa atividade profissional remunerada fazendo parte da força de trabalho de alguma empresa, prestamos nossos serviços para essa empresa em troca de remuneração (salário). Durante as horas de nosso trabalho nessa ocupação, estamos, em princípio, na mesma posição desses servos. Portanto, as ordens dadas aqui têm uma aplicação prática para nós quando estamos no local de trabalho. Devem ser dados honra e respeito aos nossos empregadores, da mesma forma que esses escravos eram obrigados.
A história da Igreja revela que essa ordem era observada por escravos Cristãos em geral, ao ponto de ser algo bem conhecido no mundo da escravidão que um escravo Cristão custava um preço mais alto nos leilões. Isso é um grande tributo à fé Cristã. Deve ser da mesma forma hoje; qualquer empregador que puder ter um empregado Cristão deve ser grato, pois o Cristão deve cuidar do negócio do seu empregador e tratá-lo como se fosse seu (Ef 6:5-8; Cl 3:22-25; 1 Pe 2:18).

Novas Associações


Novas Associações

Cap. 5:22-25 – Paulo então alerta Timóteo sobre os perigos das associações – não apenas com pessoas, mas também com o vinho. Como Timóteo devia representar Deus ao ajudar os santos na casa de Deus, ele devia ser cuidadoso sobre com quem (e com o que) ele se associaria. Paulo, portanto, dá a ele alguns princípios orientadores que são úteis para todos na casa de Deus.
V. 22 – Timóteo devia ser especialmente cuidadoso com novas associações. Ele não devia “impor precipitadamente as mãos” sobre ninguém. Como foi dito no segundo capítulo, a referência a “mãos” na Escritura é frequentemente uma figura de linguagem simbolizando identificação com alguém ou alguma coisa (Lv 1:4; Nm 8:10, 27:18; Gl 2:9). Timóteo não devia se identificar com homens cujo caráter não era conhecido. Ele devia ir devagar ao fazer novos amigos pois ele poderia facilmente se tornar um “participante” dos “pecados alheios” por sua identificação com eles, se ele não fosse cuidadoso. Ele devia se manter “puro”. A lição para nós aqui é a de nos certificarmos de escolher cuidadosamente nossas companhias (Sl 119:63).
Esse verso não está se referindo diretamente à recepção à Mesa do Senhor, como alguns imaginam, mas à comunhão pessoal na casa de Deus. No entanto, o princípio contido no verso pode guiar os irmãos no tocante à recepção. Isso nos mostra que se indivíduos devem ser cuidadosos com suas associações pessoais, a assembleia certamente também deve.
O verso 23 é um parêntese. Isso mostra que há não apenas pessoas, mas também coisas e práticas com as quais os Cristãos precisam ter cuidado em se associar. Podemos ver pela ordem de Paulo em relação ao “vinho” que Timóteo foi cuidadoso em manter sua pureza pessoal e tinha procurado se distanciar do vinho por causa do testemunho. No entanto, sua consciência sensível precisava de esclarecimento. Ele precisava entender que ele não estaria correndo qualquer perigo se usasse vinho como medicamento – “por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades”. Timóteo não deveria buscar um milagre para o seu mal-estar, mas devia usar os meios disponíveis para ele para cuidar de sua saúde. Nesse caso “um pouco de vinho” ajudaria. Isso nos ensina que não devemos rejeitar as misericórdias que o Deus Criador disponibilizou em Sua criação para as necessidades de Suas criaturas.
No entanto, é triste dizer, alguns Cristãos entendem que isso significa que é bom e aceitável para os Cristãos ingerir bebidas alcoólicas pelo prazer pessoal. Mas Paulo não diz a Timóteo para tomar vinho por causa do prazer, mas por causa de sua saúde. Não há qualquer autorização nesse verso para a bebida social. Há muitos Cristãos que amam o remédio de Paulo, mas que não têm a enfermidade de Timóteo!
O vinho, embora não seja proibido para os Cristãos, deve ser tratado com cuidado por eles por pelo menos três motivos: 
  • O risco de ser pessoalmente tentado e de acabar sendo dominado por ele (1 Co 6:12; Pv 20:1, 23:29-35).
  • O risco de fazer tropeçar um irmão mais fraco na fé (1 Co 8:9-13).
  • A possibilidade de trazer reprovação contra o testemunho Cristão (2 Co 6:3). 

V. 24 – Paulo explica porque Timóteo não deveria se precipitar em fazer novas associações na casa de Deus. Há duas classes de pecados que os homens podem praticar: aqueles que são “manifestos” e aqueles que são ocultos e “manifestam-se depois”. A vida de alguns homens é como um livro aberto; seus erros são de conhecimento público; outros vivem mais reservadamente e por isso seu verdadeiro caráter só vem à tona posteriormente.
V. 25 – Paulo mostra que isso se aplica também às “boas obras”. Uma pessoa pode ser bem conhecida por suas obras de serviço porque ela tem um perfil público de destaque entre os irmãos, e uma outra, que segue com o Senhor discretamente, seu serviço não é conhecido publicamente. Dessa forma, a lição aqui para Timóteo (e para nós) é não julgar uma pessoa pelas primeiras impressões – nem pelo mal nem pelo bem. Se levarmos tempo até formarmos nossos julgamentos sobre personalidades, seremos muito mais precisos – e poderemos nos livrar de alguns constrangimentos ao tirar conclusões erradas precipitadamente. O tempo é um grande examinador; ele revelará o verdadeiro caráter de uma pessoa. Portanto, Timóteo devia ir com calma nisso.

Irmãos que pecaram


Irmãos que pecaram

Cap. 5:20-21 – Paulo volta a falar de outros na assembleia que possam pecar. Ele diz, “Aos que pecarem, repreende-os [declara-os culpados – JND] na presença de todos, para que também os outros [o resto – JND] tenham temor”. Alguns imaginam que Paulo ainda estava se referindo aos anciãos que possam vir a falhar. Muito embora isso possa incluir um ancião, isso não se restringe a eles. O Sr. Kelly disse: “A primeira parte dessa passagem não tem a ver especificamente com os anciãos, mas invade o campo mais amplo dos santos em geral ... Limitar o alcance de ‘aos que pecarem’ (v. 20) como se significasse apenas os presbíteros ‘que pecassem’ nos leva, naturalmente, a pensar nos ‘outros dessa classe, e assim perder de vista uma admoestação solene que [não deve] de forma alguma ser limitada, como ‘na presença de todos’ comprova”.
Ter mencionado a possibilidade de alguns entre os santos em geral falharem logo após terem falado da falha de um supervisor/ancião, mostra que quando líderes falham, eles frequentemente afetam outros que possam estar seguindo a eles. Atos 20:30 confirma isso, afirmando que anciãos falhos poderiam “atrair os discípulos após si”.
A repreensão pública aqui mencionada não deve ser feita em todo caso de pecado na assembleia; a repreensão publica geralmente deve vir após uma repreensão privada (1 Ts 5:14). Um certo tipo de pecado requer esse tipo de repreensão. É geralmente um tipo de pecado exterior e público que pode afetar outros – tais como criadores de partido, semeando discórdia entre os irmãos etc. Nesses casos, uma repreensão perante todos está de acordo. O efeito é que os “símplices” que de outro modo poderiam estar inclinados a seguir o pecado, “temam” (Rm 16:18; Dt 17:13), e assim, se dessassociarem dele. Um exemplo de uma repreensão pública é a repreensão de Paulo a Pedro “na presença de todos” (Gl 2:14). O erro de Pedro poderia muito bem ter induzido outros ao erro, e uma ação pública foi necessária.
A seriedade da questão se reflete no fato de que Paulo encarregou Timóteo “diante de Deus, e do Senhor Jesus Cristo” e sob o olhar “dos anjos eleitos”. Ele o adverte sobre dois perigos que ele devia evitar ao lidar com pessoas na casa de Deus:

“Preconceito” – Ser desfavoravelmente tendencioso contra alguém por causa de determinados sentimentos preconcebidos em relação à pessoa.
“Parcialidade” – Mostrar favoritismo para com alguém por causa de sua riqueza, posição secular no mundo, ligações familiares na assembleia, personalidade, etc.

Supervisores (Anciãos)


Supervisores (Anciãos)

Cap. 5:17-19 – Paulo prossegue para falar sobre como os “anciãos” devem ser tratados. Isso se refere àqueles no ofício de ancião/supervisor/guia na assembleia; não são simplesmente aqueles irmãos mais velhos, como no verso 1. Esses supervisores cuidam do rebanho numa esfera local e devem ser respeitados.
Logo vemos que Paulo não vê todos os supervisores/anciãos como tendo a mesma distinção de honra. Ele diz: “Os anciãos que governam bem [lideram bem entre os santos – JND] sejam tidos por dignos de duplicada honra, especialmente os que trabalham na palavra e na doutrina [em palavra e em ensino – JND]”. Baseado nisso alguém pode concluir que se um supervisor/ancião não governa “bem” não devemos honrá-lo ou nos submetermos a ele. Mas, ao especificar que alguns que deviam receber “duplicada honra” Paulo mostra que honra deve ser mostrada a todos os supervisores/anciãos que estão nesse lugar de responsabilidade. Honra deve ser dada a eles por causa do que é devido ao ofício que eles ocupam na casa de Deus, e uma honra adicional deve ser dada àqueles que fazem isso “bem”. Em seguida, Paulo mostra que há alguns anciãos que devem ser honrados até mesmo além disso – aqueles que governam bem, e que também “trabalham em palavra e ensino”. Isso é mostrado quando Paulo diz, “Especialmente .... O Sr. Kelly aponta essas três distinções, afirmando que deve haver “honra em seu ofício, honra por ter cumprido o papel de maneira excelente, e distinção especial para aqueles dentre os anciãos que trabalham em palavra e ensino”. O fato de que ele distingue entre aqueles que ensinam e aqueles que governam bem, mostra que nem todos os supervisores/anciãos ensinam, mas é bom e útil se puderem fazê-lo.
V. 18 – Aqueles supervisores/anciãos que “governam [lideram] bem” e “trabalham em palavra e ensino” devem ser recompensados pelo seu serviço. Paulo não está se referindo a uma recompensa futura que ele certamente irá receber no tribunal de Cristo (2 Co 5:10; 1 Pe 5:4), mas a uma ajuda ou assistência em necessidades práticas. Isso pode ser um apoio financeiro da assembleia local em que eles residem e trabalham, se eles precisarem disso. Paulo cita um verso do Velho Testamento (Dt 25:4) e um verso do Novo Testamento (Lc 10:7) para apoiar essa ideia. Nota: o evangelho de Lucas é citado e classificado por Paulo como “Escritura” mostrando que alguns dos livros do cânone do Novo Testamento já eram reconhecidos como inspirados por Deus naquela época.
V. 19 – Paulo não descartou a possibilidade de um supervisor/ancião vir a cair, mas afirmou que deveria ser algo que pudesse ser provado com “duas ou três testemunhas”. Esse verso tem uma aplicação especial para a assembleia em Éfeso onde Timóteo tinha que permanecer e trabalhar (cap. 1:3). Em Atos 20:30, Paulo havia alertado que alguns dos anciãos naquela cidade estavam se tornando falhos, e as instruções que ele deu a Timóteo aqui sobre como lidar com eles seriam necessárias.
Todos os casos de mal na assembleia devem ser provados antes de ações serem tomadas, especialmente quando se trata de anciãos. O fato de Paulo dizer que deve haver a devida comprovação de infração demonstra que podem surgir acusações infundadas contra um ancião. A natureza da obra de um supervisor faz com que ele fique sujeito a mal-entendidos e a ataques. Um supervisor, tendo que lidar às vezes com os erros de outros, pode levar ao ressentimento e rancor naqueles que tenham sido admoestados e isso pode resultar em retaliação com algumas acusações injuriosas contra o ancião. Por isso, com essa possibilidade sempre à espreita, todas essas acusações devem ser devidamente comprovadas. Isso mostra novamente que aqueles no papel de liderança na assembleia são um alvo para o inimigo, e ataques em forma de acusações virão em direção àqueles nessa posição.

Viúvas (Velhas e Jovens)


Viúvas (Velhas e Jovens)

Cap. 5:3-16 – Sabendo que Satanás usou a assistência às viúvas para causar o primeiro problema na Igreja (At 6), Paulo dedica atenção especial para tratar de coisas que dizem respeito a elas. Suas observações mostram que há vários tipos de viúvas e que elas devem ser tratadas de uma maneira diferente.
Vs. 3, 5, 8 e 16 – Há, antes de tudo, aquela que é “verdadeiramente viúva”. Essa é uma irmã (sem especificar a idade) que vive uma vida verdadeiramente de viúva – ela é realmente necessitada e desamparada. Ela “é deixada sozinha” (JND), sem recursos e, sentindo a dor de sua viuvez, ela colocou sua confiança no Deus vivo, e clama a Ele por ajuda com “súplicas e orações, noite e dia” (v. 5). Essas devem ser honradas e ajudadas financeiramente. Elas devem ser “inscritas” na lista de indivíduos que a assembleia ajuda periodicamente (v. 9), porque elas estão habilitadas a essa assistência.
Cap. 5:4 – Em seguida há uma outra classe de viúvas que têm “filhos ou netos” na Igreja. Esses descendentes devem “exercer piedade” e “recompensar seus pais”, as mães que ficaram viúvas, atendendo às suas necessidades financeiras. Nesse caso a assembleia não deve se encarregar pelo sustento dessas viúvas. Paulo diz que é “bom e agradável diante de Deus” que suas famílias cuidem delas. Se os descendentes imediatos na família ignorarem essa responsabilidade, eles estarão, na prática, negando “a fé” e alguém que age assim deve ser considerado “pior do que o infiel” (v. 8).
Cap. 5:6-7 – Em seguida há viúvas que “vivem em deleites”. Essas são capazes, evidentemente, de prover para si mesmas com seus recursos particulares, mas preferem viver segundo a carne. Paulo diz que uma viúva assim “apesar de viver, está morta” (TB). Isso não significa que ela não seja salva, mas que ela vive sem comunhão com Deus. O aspecto de morte aqui é morte moral – uma separação prática de Deus. Em Romanos 8:13, Paulo fala desse tipo de morte: “Porque, se viverdes segundo a carne, morrereis”. Todas aquelas que vivem dessa maneira não devem receber apoio financeiro da assembleia, pelo contrário, deve ser exigido delas que vivam de uma maneira “irrepreensível” diante de Deus e dos homens.
A verdade do verso 8, evidentemente, se aplica a outros além das viúvas, pois até mesmo um incrédulo (“um infiel”) sabe que é sua responsabilidade cuidar “dos da sua família”. Por outro lado, a instrução do apóstolo nesse verso pode ser mal aplicada e usada como desculpa para não nos dedicarmos à obra do Senhor como deveríamos. Podemos afirmar que estamos cuidando das nossas famílias ao guardar recursos para a próxima geração – e não há nada de errado em fazer isso – mas isso não deveria ser usado como um pretexto para encobrir motivos egoístas. Muitas vezes a totalidade desses recursos não consagrados acaba sendo desperdiçada pelos filhos, ao invés de serem usados para o Senhor.
Cap. 5:9-10 – Há também viúvas mais velhas que têm servido fielmente ao Senhor durante muitos anos. Essas devem ser “inscritas” na lista de indivíduos que a assembleia deve ajudar periodicamente, porque elas são dignas dessa assistência.
Cerca de oito características são mencionadas: 
  • Acima de “sessenta anos” – Essas mulheres honrosas devem estar livres de encargos financeiros em seus últimos anos de vida.
  • “Mulher de um só marido” – Paulo não está dizendo que viúvas não devem se casar de novo pois no verso 14 ele incentiva isso, se elas forem mulheres jovens. (Veja também 1 Co 7:39).
  • “Tendo testemunho de boas obras” – Ela tem um bom testemunho público.
  • Tenha criado “filhos” – Isso não está necessariamente se referindo a sua própria família, mas a filhos espirituais na família da fé, pois se ela tivesse seus próprios filhos, eles deveriam socorrê-la (vs. 4, 16). Se tivesse falando de seus próprios filhos, então talvez eles não fossem salvos ou não estavam vivos. Se eles não estivessem cuidando dela, eles estariam sendo piores do que os infiéis.
  • Tenha exercitado “hospitalidade” – Sua casa está aberta aos santos que viajam pela região onde ela mora.
  • Tenha lavado “os pés aos santos” – Isso é linguagem figurada que significa executar com humildade serviços braçais para os santos.
  • Tenha socorrido os “aflitos” – Ela esteve empenhada em um ministério de cuidado prático dos santos atribulados.
  • Tenha se dedicado às “boas obras” – Ela é caracterizada pela dedicação no serviço; não é preguiçosa. 

Cap. 5:11-15 – Por fim, há “viúvas jovens”; essas, a assembleia deve “rejeitar” (ARA) dar-lhe assistência financeira. Colocá-las na lista de auxílio periódico pode ser prejudicial para elas e para a comunhão dos santos. Não tendo que se lançar em dependência sobre Deus em suas necessidades diárias, elas podem se tornar insatisfeitas com sua porção na vida como viúvas e “se tornarem levianas contra Cristo”. Caindo em uma condição de alma ruim, elas poderão “aniquilar a primeira fé” (abandonar sua confiança no Senhor) e imprudentemente entrar em outro casamento que pode não ser “no Senhor” (1 Co 7:39).
“Querer se casar” não é errado, Paulo recomenda que as viúvas jovens deveriam se casar novamente no verso 14. Mas fazer isso por vontade própria as tornam “culpadas” (v. 15 – TB) de agir de maneira independente. Quando uma pessoa não se submete à carga que Deus lhe deu para carregar na vida (nesse caso, a perda de um marido), em seu espírito insatisfeito e condição de alma ruim, ela pode ser usada pelo inimigo para arruinar a comunhão dos santos. Elas podem se tornar “ociosas, andando de casa em casa” como “faladeiras e intrigantes [intrometidas – JND] (AIBB).
Para se proteger contra essa tendência, Paulo deseja que as viúvas “se casem, gerem filhos” e “governem a casa”. Essa é uma ocupação saudável, e isso ajuda a preservar as viúvas jovens desses perigos – além de eliminar a “ocasião” ao “adversário de maldizer” o testemunho do Senhor. Que as irmãs casadas observem: Paulo diz a respeito delas “Governem a casa”, ele não diz: “Governem seu marido” (v. 14). Isso mostra que a esfera de responsabilidade delas diz respeito às questões internas do lar. Paulo informa que, infelizmente, algumas viúvas jovens estavam “indo após Satanás” no sentido de trabalhar contra o testemunho público da Igreja.
Paulo não diz que as viúvas mais velhas devem se casar de novo, mas isso não significa que elas não possam; 1 Coríntios 7:39 não define nenhum limite de idade quanto a um novo casamento. Ele está tratando de uma certa tendência entre irmãs mais jovens que aquelas que são mais velhas e mais maduras na fé não deveriam ser suscetíveis. Uma mulher Cristã madura não deveria precisar da preocupação com o cuidado de filhos e responsabilidades familiares para canalizar suas energias, e assim se distrair das ocupações carnais de tagarelar e se intrometer entre os santos. Com essa idade, a experiência dela com o Senhor no caminho Cristão deveria ter lhe ensinado a andar no Espírito, e assim julgar as tendências carnais que tendem a afetar crentes mais jovens.
Cap. 5:16 – Paulo resume suas observações anteriores afirmando que apenas aquelas que são “verdadeiramente viúvas” devem ser sustentadas pela assembleia; todas as outras devem ser recusadas. Ele diz, “Não se sobrecarregue a Igreja [Assembleia – JND] por viúvas cujos parentes podem cuidar delas. “Esta” (a assembleia) (ARA) só deve “socorrer as que verdadeiramente são viúvas” (ARA).

Mulheres Mais Jovens


Mulheres Mais Jovens

Cap. 5:2b – As mulheres mais jovens devem ser tratadas como “irmãs”. Paulo acrescenta “com toda a pureza” porque Timóteo, por ser um irmão mais jovem, devia ser cuidadoso com seu comportamento em relação àquelas do sexo oposto da mesma idade que ele, para evitar causar uma má impressão.

Mulheres Mais Velhas


Mulheres Mais Velhas

Cap. 5:2a – As mulheres mais velhas devem ser tratadas como “mães”. Ou seja, com cortesia, com reverência piedosa e muita afeição.

Homens Mais Jovens


Homens Mais Jovens

Cap. 5:1b – Os homens mais jovens devem ser tratados como “irmãos”. Timóteo devia considerar os de menos idade como seus aliados que estavam combatendo o mesmo bom combate da fé. Às vezes os homens mais jovens se veem como rivais, mas a vida e o serviço Cristãos não são uma competição – são uma irmandade.

Homens Mais Velhos


Homens Mais Velhos

Cap. 5:1a – Os homens mais velhos (“os anciãos”) devem ser tratados com o respeito que é devido a um pai. Paulo não está falando de um homem que atua na assembleia como um supervisor/ancião/guia (como nos versos 17-19), mas de um irmão de idade avançada. Se ele vier a falhar de alguma forma e precisar de “repreensão”, isso deve ser feito de uma maneira que respeite sua idade.
A KJV e a ARA estão um pouco equivocadas nesse verso. Elas afirmam que não deveríamos repreender um ancião, mas a leitura correta dessa passagem é “Não repreendas asperamente os anciãos”. Isso mostra que ninguém na assembleia está imune à repreensão. Um irmão mais velho pode precisar ser repreendido, mas isso não deve ser feito com severidade, mas sim, tratando-o como a um pai. O que o mundo pensaria se nos visse tratando um irmão mais velho como se estivéssemos repreendendo uma criança?

DOZE RELACIONAMENTOS


DOZE RELACIONAMENTOS

Uma olhada rápida nesses dois capítulos nos mostra que a comunhão na casa de Deus não é moldada conforme a ordem de uma empresa ou um exército, que possui eficiência, mas também é impessoal e até mesmo frio em sua maneira de lidar uns com os outros. Como nessa epístola a Igreja é vista sob a figura de uma casa, o padrão seguido nesses capítulos é o de uma família extensa, na qual a grande característica do amor é evidente em cada relacionamento.
Paulo aborda ao menos 12 relacionamentos diferentes que seriam encontrados na vida normal na casa de Deus, começando pelos homens mais velhos e depois tratando de todas as camadas da vida da assembleia. Ele descreve a conduta apropriada que deve ser manifestada em nossas interações diárias com cada um deles em nossa vida Cristã. Trata-se de uma instrução saudável para feliz comunhão Cristã. Se fosse tomada em conta, seria prestado ao mundo um testemunho poderoso do amor, bondade, e graça de Deus. “Nisto todos conhecerão que sois Meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13:35).
Convém notar que em todos esses relacionamentos mencionados por Paulo, ele não trata das interações entre maridos e esposas, pais e filhos etc., como ele faz em Efésios 5-6 e em Colossenses 3. Vínculos familiares não são o assunto aqui; a epístola trata daquilo que ocorre diante dos olhos dos homens. Esses relacionamentos no âmbito privado dos lares não são na verdade de caráter público.

COMUNHÃO NA CASA DE DEUS Capítulos 5-6


COMUNHÃO NA CASA DE DEUS
Capítulos 5-6

Nos capítulos 5 e 6, Paulo passa para a esfera da comunhão Cristã. A casa de Deus não deve ser apenas um lugar de oração, ordem santa, e verdade; ela também deve ser um lugar de feliz comunhão entre os crentes. Nesses capítulos Paulo coloca diante de Timóteo vários relacionamentos que temos uns com os outros na casa e delineia a conduta apropriada para cada um deles.
Como em outra parte na epístola, as exortações aqui têm em vista a manutenção de um testemunho público correto da casa perante o mundo. Se agimos de maneira inapropriada em qualquer um desses relacionamentos, podemos colocar uma mancha no testemunho do Senhor. É importante, portanto, que prestemos atenção aos conselhos e recomendações do apóstolo em nossas interações uns com os outros nesses relacionamentos para que um testemunho adequado do verdadeiro caráter de Deus seja dado ao mundo.

sábado, 15 de dezembro de 2018

A Necessidade de Julgamento Próprio


A Necessidade de Julgamento Próprio 

V. 16 – Paulo termina seus comentários em relação ao obreiro na casa de Deus com uma observação de precaução. Ele diz “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina [do ensino – JND]. Timóteo, como exemplo do obreiro ideal, não devia apenas preparar sua mensagem de modo que houvesse alimento para o rebanho, mas ele também devia preparar a si mesmo. Ele devia fazer “caminhos retos” (ARA) para os seus próprios pés (Hb 12:13). Se ele permitisse a si mesmo se tornar descuidado em sua vida no mínimo que fosse, isso poderia fazer alguém tropeçar e prejudicar o propósito de seu chamado para essa obra. Ele devia ser vigilante a respeito de sua própria estado de alma e ser rápido em julgar a si mesmo caso e quando cometesse qualquer tipo de erro.
Ao assegurar que sua vida prática estivesse em conformidade com a verdade que ele ensinava, Timóteo iria “salvar” a si mesmo e àqueles que ouvissem e dessem atenção ao seu ministério. Essa seria uma salvação prática dos erros doutrinários e corrupções espirituais que estavam surgindo na profissão Cristã, como mencionado no verso 1.


O Uso dos Nossos Dons


O Uso dos Nossos Dons

Vs. 13-15 – Paulo continua encorajando Timóteo a usar seu dom ministrando a Palavra. Se Timóteo tinha passado tempo aprendendo a verdade ao seguir de perto os assuntos de doutrina com estudo diligente (v. 6), havia chegado o momento de ele ajudar a outros no entendimento dessas coisas. Assim, Paulo diz “Até à minha chegada, aplica-te à leitura  (pública das Escrituras), à exortação, ao ensino” (ARA). A “leitura” que Paulo fala aqui não é a leitura pessoal e privada da Escritura (ou ministério escrito), mas a leitura pública das Escrituras quando os santos estão reunidos (“ler aos outros” conforme nota de rodapé da Tradução de J. N. Darby). A Igreja primitiva tinha o costume de se reunir para ouvir a leitura das Escrituras (Cl 4:16; 1 Ts 5:27). O fato de Paulo ter incluído “exortação” e “ensino” indica que após as Escrituras serem lidas em voz alta, havia a oportunidade nessas reuniões para que qualquer um que tivesse um dom para exortar ou expor a verdade, fizesse comentários sobre a passagem que era lida para a ajuda e entendimento espiritual dos santos. Esse tipo de reunião é algo que as assembleias Cristãs devem ter regularmente. Era uma oportunidade excelente para que Timóteo usasse seu dom ensinando e exortando.
Reuniões de leitura eram necessárias naquela época porque a maioria das pessoas não tinha uma cópia das Escrituras. Era uma forma de todos ouvirem a Palavra de Deus e obterem algum ministério proveitoso. Além disso, naquela época muitos eram analfabetos, e não poderiam ler ainda que tivessem uma cópia das Escrituras. A reunião de leitura Bíblica ainda é um meio excelente de aprender a verdade e deve ser incluída na lista de reuniões em toda assembleia local atualmente. Aqueles que são capazes de expor as Escrituras têm a oportunidade de instruir a outros na verdade nesse tipo de reunião.
Paulo lembra a Timóteo que ele definitivamente tinha um “dom” para esse trabalho, e que ele não devia “negligenciar” o seu uso. Timóteo pode ter ficado hesitante pelo fato de ser jovem (v. 12), mas o encorajamento de Paulo mostra que a idade não deve impedir alguém de usar seu dom e ser uma ajuda nas reuniões. Também existe uma tendência de uma pessoa não usar seu dom em caso de oposição, mas Paulo já havia encorajado Timóteo a esse respeito, ao lembrá-lo que ele podia confiar no Deus vivo que é o Preservador de todos que dão um passo à frente nesse ministério.
É perfeitamente possível uma pessoa ter um dom, mas não o usar por negligência e falta de devoção (Cl 4:17; Pv 11:25-26). No entanto, não há lugar para preguiça e inatividade no serviço do Senhor. O profeta Jeremias alertou “Maldito seja quem fizer negligentemente a obra de Jeová” (Jr 48:10 – TB). É improvável que esse fosse o motivo da hesitação de Timóteo; ele era um devotado homem de Deus (Fp 2:19-21). O problema era que ele era tímido (1 Co 16:10; 2 Tm 1:7). Em relação a devoção e dons, J. N. Darby disse “Se houvesse mais devoção entre nós haveria mais dons entre nós”. Ele não quis dizer que dons espirituais vêm como consequência de uma pessoa ser devotado ao Senhor, mas que se nos devotássemos mais profundamente, os dons escondidos em nós se tornariam mais evidentes.
Para encorajar mais Timóteo, Paulo lembrou-lhe que ele tinha o apoio de seus irmãos mais velhos – “o presbitério”. Eles reconheceram que ele tinha um dom e impuseram suas “mãos” sobre ele em reconhecimento desse fato. Isso não significa que eles impuseram literalmente suas mãos sobre ele em um processo de ordenação, como alguns imaginam. Pelo contrário, tratava-se de uma ação simbólica de darem seu apoio e encorajamento a ele. Isso está de acordo com a maneira como o termo mãos é frequentemente usado nas epístolas – isto é, “as destras de comunhão” (Gl 2:9 – ARA). Esse tipo de apoio é importante; o obreiro necessita da comunhão de seus irmãos – especialmente dos anciãos na assembleia. Poderia até mesmo ter incluído ajudá-lo financeiramente. Mas, claro, é preciso discernimento ao fazer isso. Nós não deveríamos encorajar um irmão dessa maneira se for evidente que ele não tem um dom para ministrar a Palavra. Haveria pouco benefício espiritual para os santos e ele pode constranger a si mesmo.
A reunião de leitura deve ser usada principalmente para ensino e exortação. Se não houver ninguém presente com um dom específico para ensinar, os santos ainda podem ser alimentados por vários irmãos em uma reunião expressando aquilo que entendem em relação à passagem, apesar de isso ser algo limitado. Se eles fizerem isso em dependência do Senhor, Deus dará algo aos santos, porque Ele sempre abençoa a leitura de Sua Palavra (Ap 1:3).
Há talvez quatro coisas necessárias para que uma pessoa seja eficaz no ministério da Palavra:
  • A posse de um dom para ministrar a Palavra seja pregando, ensinando ou exortando (Mt 25:15; 1 Co 12:7; Ef 4:7; 1 Pe 4:10-11). Se um irmão tiver esse dom, isso ficará evidente à medida em que ele crescer em sua alma.
  • Um entendimento da verdade e tê-lo de maneira resumida a fim de poder passá-lo facilmente a outros (1 Tm 4:6; 2 Tm 2:15; 3:10).
  • Dependência do Senhor no exercício de seu dom (At 13:1-3).
  • Uma vida piedosa que é uma demonstração viva da verdade exposta por ele, que confere autoridade ao seu ministério (2 Co 4:1-2). 

V. 15 – “Ocupe-te com estas coisas; dedica-te plenamente a elas” (TB). A ARC. ARA e ARF traduzem: “Medita estas coisas,” mas isso muda completamente o sentido do verso transformando-o em uma exortação para passar tempo meditando tranquilamente na Palavra. No entanto, isso não é uma exortação para devoção privada – por mais necessário que isso seja – mas uma exortação para ensinar a verdade que ele assimilou. Paulo está falando aqui sobre colocar para fora, não colocar para dentro. Ele queria que Timóteo se entregasse “plenamente” em exercer seu dom no ministério, e as reuniões de leitura bíblica a que ele se refere no verso 13 eram uma excelente oportunidade para fazer isso. Em outra parte, ele diz Vamos nos ocupar em serviço” (Rm 12:7 – JND). Se Timóteo exercitasse seu dom dessa maneira, o “aproveitamento” que ele teria ganhado por meio do estudo privado seria “manifesto a todos” e muitos seriam ajudados. Por isso, Paulo o encorajou nessa boa obra.

Caráter Pessoal e Testemunho


Caráter Pessoal e Testemunho

V. 12 – Paulo continua falando sobre o caráter do obreiro – sua vida exterior perante os homens. Se Timóteo devia guiar os santos em uma linha de conduta condizente com a casa de Deus, sua vida precisava ser consistente com seu ministério. Paulo disse “Ninguém despreze a tua mocidade”. Timóteo era responsável por não permitir que alguém rejeitasse legitimamente seu ministério em razão de ser caracterizado pela insensatez que geralmente retrata a juventude. Ele devia se comportar com sabedoria em todos os aspectos. J. N. Darby disse “Ele devia obter pela sua conduta o peso que seus anos não lhe deram”.
A vida de Timóteo devia ser “um exemplo [modelo – JND] dos fiéis”. Se ele devia ensinar a verdade, ele também devia viver a verdade que ele ensinava. Se o servo não anda corretamente as pessoas o verão como um hipócrita, e não receberão seu ministério – principalmente se ele for jovem. Assim, a vida de Timóteo devia ser uma demonstração viva daquilo que ele ensinava. Qualquer coisa questionável, que desse a conveniente oportunidade a alguém de desprezar seu ministério, devia ser removida de sua vida. Paulo aborda cinco áreas onde Timóteo devia ser cuidadoso.
  • Na “palavra” – seu discurso.
  • Na “conduta” – seu comportamento.
  • No “amor” – seu afeto pelos outros.
  • Na “fé” – sua confiança no Senhor.
  • Na “pureza” – sua vida pessoal.

A consequência de ser consistente em todas essas áreas de sua vida daria peso moral ao ministério de Timóteo. Semelhantemente, se as verdades que ensinamos não afetam nossas próprias vidas, não podemos esperar que nosso ensino afete as vidas de outros.