A Casa de Deus – Um Vaso de Testemunho
As duas principais figuras que o Espírito de Deus usa
para descrever a Igreja de Deus na Escritura são “o corpo de Cristo” e “a
casa de Deus”. A igreja, vista como corpo de Cristo, encontra-se em apenas
quatro epístolas – Romanos, 1 Coríntios, Efésios, e Colossenses, mas a Igreja vista
como casa de Deus encontra-se em quase todas as epístolas. A casa de Deus,
portanto, ocupa uma parte muito maior da Escritura do Novo Testamento. A ideia
principal quanto ao corpo de Cristo é a unidade manifestada, enquanto
que a ideia principal da casa de Deus é um testemunho público.
A Igreja, vista como uma casa, é o vaso de testemunho
de Deus na Terra. Como foi dito, o grande propósito da casa de Deus é
apresentar o verdadeiro caráter de Deus perante o mundo. O apóstolo Pedro
mostra isso em sua primeira epístola. Depois de falar da casa de Deus como “uma
casa espiritual”, ele diz que aqueles que a compõem devem “proclamar as
excelências daqu’Ele” (JND) que os chamou “das trevas para a Sua maravilhosa
luz” (1 Pe 2:5-9). Os homens deveriam ser capazes de olhar para a casa de
Deus e conhecer a Deus. Podemos aprender certas coisas sobre o ocupante de uma
casa ao olharmos para sua casa. Se o jardim estiver descuidado, se houver lixo
em volta, se a casa precisar de pintura etc., nós podemos concluir que ela
provavelmente estará da mesma forma do lado de dentro, e assim, isso nos dá uma
ideia quanto ao tipo de pessoa que é o proprietário. Por outro lado, nós
podemos olhar para uma casa bem cuidada (até onde nossos olhos alcançam) e
concluir que o proprietário é provavelmente uma pessoa organizada. Assim, nós
temos informação sobre seu caráter também. Deus quer que o mesmo aconteça com
Sua casa; Ele deseja que Seu caráter seja visto claramente na ordem de Sua
casa.
Visto que o povo de Deus constitui a casa de Deus, o
mundo deveria ser capaz de olhar para nós – no que diz respeito ao nosso
caráter e modo de agir – e conhecer o verdadeiro caráter de Deus. Como foi
dito, a casa de Deus tem a ver com o testemunho público de Deus na Terra, o
foco desta epístola está no que é exterior – naquilo que é visto pelos homens. Portanto,
a epístola não trata dos privilégios internos da assembleia. J. N. Darby disse “Por
todo lado o assunto é aquilo que é exteriormente adequado para um andar
exterior, aquilo que é conveniente em relação ao mundo. Não há nada para o
interior, nada sobre os relacionamentos da alma com Deus; mas tudo se refere ao
testemunho público adequado à posição dos homens nesse mundo. O apóstolo dá
essas instruções tendo em vista a ordem exterior; relativa à manutenção daquilo
que é respeitável aos olhos de todos.”
Essa linha de verdade é um lado bastante negligenciado
das coisas. Cristãos costumam dizer “Deus não está preocupado sobre como parecemos
exteriormente; é como somos por dentro que importa”. 1 Samuel 16:7 é às vezes
citado para apoiar isso – “O homem vê o exterior, porém o SENHOR, o coração”. Mas esse verso apenas reforça a
ideia de que nós precisamos prestar atenção ao nosso testemunho exterior. Já
que os homens não podem ver o que está em nosso coração – apenas Deus pode ver
isso – eles têm que olhar para aquilo que é exterior. E o que é que eles
aprendem sobre Deus ao olhar para nós? Certamente a coisa mais importante é ter
um relacionamento íntimo com Deus pela fé (uma vida de comunhão), mas isso não
é a única coisa com a qual os Cristãos deveriam se preocupar. Nós temos uma
responsabilidade em relação a como somos vistos perante o mundo e como nosso
testemunho pessoal reflete Deus. Essa é a preocupação do apóstolo nessa
epístola.
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