Diáconos
Vs. 8-13 – A palavra “diácono” significa
simplesmente “servo” e pode ser traduzida como “ministro”. Um “diácono
[ministro]” é
alguém que se ocupa das questões temporais no serviço ao Senhor. Por exemplo,
quando Barnabé e Paulo partiram para sua primeira viagem missionária, “tinham
também a João como ministro” (At 13:5 – KJV). A palavra “ministro”
nesse caso pode ser traduzida como “servo” ou “assistente”, mas se refere ao mesmo tipo de trabalho. Assim,
João Marcos ajudou Barnabé e Paulo em coisas temporais no campo missionário. No
caso do “diácono [ministro]”
em 1 Timóteo 3, o termo está relacionado às coisas temporais que dizem respeito
à assembleia local.
Atos 6:1-5 ilustra isso. Uma necessidade prática de
administrar coisas temporais surgiu na assembleia em Jerusalém. Os apóstolos
naquela assembleia disseram “Não é razoável que nós deixemos a Palavra de
Deus para servir as mesas”. A palavra “servir” aqui tem a mesma raiz
de “diácono”. Alguns homens, portanto, foram nomeados para cuidarem da “ministração
diária” (ou distribuição de recursos) e para “servirem as mesas” a
fim de que os apóstolos ficassem livres para continuar sua obra de ministério
da Palavra.
A Igreja, atualmente, triste dizer, retirou do termo “ministro”
o seu significado e uso encontrados na Escritura e o associou ao posto de
clérigo, algo inventado pelo homem, com os títulos oficiais de “Ministro” e “Pastor.”
A função e a obra de um ministro foram convertidas em uma posição de destaque
de pregação e ensino na Igreja – com aquele nessa posição frequentemente tendo
uma equipe de pessoas para auxiliá-lo. O que encontramos na Escritura é
justamente o contrário; um ministro é um servo daqueles que pregam e ensinam!
(At 13:5; Rm 16:1) Essa confusão faz parte da desordem que os homens trouxeram
para dentro da casa de Deus.
Paulo não se propõe a explicar o trabalho de um “diácono
[ministro]”,
mas, assim como no caso do supervisor, ele se concentra nas características
morais necessárias à pessoa que faria essa obra. Nós podemos ver imediatamente
que as qualificações nesse caso não são tão elevadas quanto aquelas exigidas em
um supervisor. Uma diferença significativa é que não há nenhuma menção ao
diácono tendo que ser “apto para ensinar”. Ainda que a Igreja dos dias
atuais tenha colocado um ministro num posto de alguém que prega e ensina, não é
dito nas Escrituras que um ministro tenha (ou precise ter) a capacidade de
ensinar a verdade! É dito que ele deve guardar “o mistério da fé”, o que
demonstra que ele deve conhecer a verdade, assim como todos os santos deveriam
conhecer. Mas não há nenhuma referência sobre ele ter que ser “apto para
ensinar”.
Uma outra diferença significativa entre esses dois
ofícios é que enquanto os supervisores não devem ser escolhidos pela assembleia
para esta obra, a assembleia deve escolher seus diáconos/ministros. Novamente,
isto é visto em Atos 6; os apóstolos instruíram a assembleia em Jerusalém a
escolher os homens que eles pensavam ser os mais adequados para esta obra. Há
sabedoria nisso: quem conheceria melhor o caráter dessas pessoas do que aqueles
que caminham em comunhão com elas diariamente? Também deve ser notado que mesmo
depois que a assembleia escolheu aqueles homens, ela não os ordenou, porque a
assembleia (naquele tempo ou agora) não tem poderes de ordenação para fazer
isso. A assembleia trouxe aqueles que escolheu até os apóstolos, que então nomearam-nos
oficialmente para aquele ofício. Veja também 2 Coríntios 8:18-19; um “irmão”
que era bem conhecido por sua idoneidade foi “escolhido pelas igrejas”
para ajudar a manusear a coleta e levá-la até os santos pobres em Jerusalém.
Vs. 8-9 – Paulo passa a listar seis qualificações necessárias ao “diácono [ministro]”.
“Sérios” (TB) – Ele deve ser um Cristão sóbrio e sério que se porta com dignidade.
“Não de língua dobre” – Ele não é conhecido por passar adiante informações
que não estão de acordo com os fatos.
“Não dado a muito vinho” – Ele deve considerar seu testemunho diante dos
outros e ser cuidadoso para não servir de tropeço a outros por entregar-se ao
vinho.
“Não cobiçoso de torpe ganância [não buscando lucrar de
forma desonesta – JND]” – Ele não deve ser caracterizado por ter uma obsessão por ganhar
dinheiro – especialmente por meios questionáveis. Isso é importante porque uma
das atividades do diácono/ministro é cuidar das coletas dos santos (At 6:1-4). Se
alguém é conhecido por ter uma atração exagerada pelo dinheiro, não seria
sensato confiar a uma pessoa com essa fraqueza o encargo de manusear os
recursos da assembleia, pois ele pode ser tentado a furtar.
“Guardando o mistério da fé em uma consciência pura” – Ele não deve ser apenas ortodoxo doutrinariamente,
mas deve ser alguém que guarda “a fé” (a revelação da verdade Cristã) “em
uma consciência pura”. Ter uma consciência pura em relação à verdade é ter
uma convicção sincera quanto a praticá-la, porque é algo em que ele realmente
acredita.
V. 10 – Paulo acrescenta, “Estes sejam primeiro
provados, depois ministrem”. Diáconos [ministros] devem ser testados em uma
esfera menor antes de serem encarregados de gerenciar coisas temporais na
assembleia. Isso mostra que eles devem ser introduzidos progressivamente nessa
obra.
“Se forem irrepreensíveis [sem acusação contra eles
– JND]” – O ponto aqui
é que o diácono/ministro deve ter um testemunho pessoal coerente para que
ninguém possa acusá-lo legitimamente de algum mal, o que contribuiria para que
o testemunho Cristão sofresse acusações injuriosas.
V. 11 – Ao contrário das instruções dadas ao
supervisor, as “mulheres [esposas
– KJV]” dos diáconos são mencionadas em conexão com a obra dos
diáconos. Isso se deve ao fato delas poderem participar dessa obra temporal, o
que não acontece com as responsabilidades administrativas de um supervisor. Essa
é outra diferença entre esses dois ofícios. Uma irmã pode servir de ajuda nessa
obra temporal, nós podemos ver isto no caso de “Febe”. Ela era uma “serva
[ministra ou diaconisa]”
da assembleia em Cencréia (Rm 16:1 – AIBB). Isso mostra que uma irmã pode ser
uma “ministra” – mas não, obviamente, no sentido convencional da palavra
usada na Cristandade para designar um clérigo. A bem da verdade, essa posição
não deveria ser ocupada nem mesmo por um irmão!
Quanto às características a serem observadas nas “mulheres”
que servem aos santos nessa função, quatro coisas são mencionadas.
“Sérias” (TB) – Ela deve ser uma mulher Cristã séria, que se porta de maneira digna.
“Não maldizente” – Ela evita se intrometer na vida alheia na assembleia – especialmente
quando se trata de informações possivelmente falsas.
“Sóbria [temperante – AIBB]” – Ela exerce o controle próprio em sua vida pessoal.
“Fiel em tudo” – Ela é digna de confiança nos assuntos confidencias que
dizem respeito à assembleia.
V. 12 – Mais duas coisas são acrescentadas em relação
ao diácono/ministro.
“Marido de uma mulher” – Como no caso do supervisor, ele não pode ser um
polígamo.
“Governem [conduzam – JND]
bem seus filhos e suas próprias casas” – Assim como o supervisor, é necessário que o diácono
tenha uma família e um lar em ordem. Governar, no sentido em que é utilizado
aqui, não se refere a ser um déspota, mas sim que ele entenda seu lugar como
cabeça de sua família e cumpra suas responsabilidades nesse lugar conduzindo e
guiando seu lar de uma maneira ordenada.
V. 13 – Se essa obra temporal for realizada fielmente,
o diácono/ministro ganhará oportunidades em outras áreas do serviço – principalmente
no testemunho oral do evangelho. Eles “adquirirão para si uma boa posição e
muita confiança na fé que há em Cristo Jesus”. A vida em ordem e o trabalho
fiel na casa de Deus se tornam um testemunho a favor do diácono/ministro,
mostrando a todos em volta que ele é alguém em quem se pode confiar. Ao
exercitar seu dom no ministério da Palavra (se ele tiver esse dom), o
testemunho da sua vida irá conferir autoridade ao seu ministério. Isso é
ilustrado nas vidas de Estevão e Filipe em Atos 7-8. Esses homens eram diáconos
na assembleia em Jerusalém (At 6:5), e tendo cumprido fielmente sua obra, foram
ousados na fé e testemunharam a respeito do Senhor diante do Sinédrio (At 7) e
na cidade de Samaria (At 8). Estevão tinha o dom para ensinar e Filipe tinha o
dom de evangelista (At 21:8). O exercício de seus dons espirituais no
ministério, no entanto, não deve ser confundido com seu cargo local na
assembleia em Jerusalém; pois são duas esferas diferentes na casa de Deus.
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