sábado, 15 de dezembro de 2018

Diáconos


Diáconos

Vs. 8-13 – A palavra “diácono” significa simplesmente “servo” e pode ser traduzida como “ministro”. Um “diácono [ministro] é alguém que se ocupa das questões temporais no serviço ao Senhor. Por exemplo, quando Barnabé e Paulo partiram para sua primeira viagem missionária, “tinham também a João como ministro” (At 13:5 – KJV). A palavra “ministro” nesse caso pode ser traduzida como “servo” ou “assistente”, mas se refere ao mesmo tipo de trabalho. Assim, João Marcos ajudou Barnabé e Paulo em coisas temporais no campo missionário. No caso do “diácono [ministro] em 1 Timóteo 3, o termo está relacionado às coisas temporais que dizem respeito à assembleia local.
Atos 6:1-5 ilustra isso. Uma necessidade prática de administrar coisas temporais surgiu na assembleia em Jerusalém. Os apóstolos naquela assembleia disseram “Não é razoável que nós deixemos a Palavra de Deus para servir as mesas”. A palavra “servir” aqui tem a mesma raiz de “diácono”. Alguns homens, portanto, foram nomeados para cuidarem da “ministração diária” (ou distribuição de recursos) e para “servirem as mesas” a fim de que os apóstolos ficassem livres para continuar sua obra de ministério da Palavra.
A Igreja, atualmente, triste dizer, retirou do termo “ministro” o seu significado e uso encontrados na Escritura e o associou ao posto de clérigo, algo inventado pelo homem, com os títulos oficiais de “Ministro” e “Pastor.” A função e a obra de um ministro foram convertidas em uma posição de destaque de pregação e ensino na Igreja – com aquele nessa posição frequentemente tendo uma equipe de pessoas para auxiliá-lo. O que encontramos na Escritura é justamente o contrário; um ministro é um servo daqueles que pregam e ensinam! (At 13:5; Rm 16:1) Essa confusão faz parte da desordem que os homens trouxeram para dentro da casa de Deus.
Paulo não se propõe a explicar o trabalho de um “diácono [ministro], mas, assim como no caso do supervisor, ele se concentra nas características morais necessárias à pessoa que faria essa obra. Nós podemos ver imediatamente que as qualificações nesse caso não são tão elevadas quanto aquelas exigidas em um supervisor. Uma diferença significativa é que não há nenhuma menção ao diácono tendo que ser “apto para ensinar”. Ainda que a Igreja dos dias atuais tenha colocado um ministro num posto de alguém que prega e ensina, não é dito nas Escrituras que um ministro tenha (ou precise ter) a capacidade de ensinar a verdade! É dito que ele deve guardar “o mistério da fé”, o que demonstra que ele deve conhecer a verdade, assim como todos os santos deveriam conhecer. Mas não há nenhuma referência sobre ele ter que ser “apto para ensinar”.
Uma outra diferença significativa entre esses dois ofícios é que enquanto os supervisores não devem ser escolhidos pela assembleia para esta obra, a assembleia deve escolher seus diáconos/ministros. Novamente, isto é visto em Atos 6; os apóstolos instruíram a assembleia em Jerusalém a escolher os homens que eles pensavam ser os mais adequados para esta obra. Há sabedoria nisso: quem conheceria melhor o caráter dessas pessoas do que aqueles que caminham em comunhão com elas diariamente? Também deve ser notado que mesmo depois que a assembleia escolheu aqueles homens, ela não os ordenou, porque a assembleia (naquele tempo ou agora) não tem poderes de ordenação para fazer isso. A assembleia trouxe aqueles que escolheu até os apóstolos, que então nomearam-nos oficialmente para aquele ofício. Veja também 2 Coríntios 8:18-19; um “irmão” que era bem conhecido por sua idoneidade foi “escolhido pelas igrejas” para ajudar a manusear a coleta e levá-la até os santos pobres em Jerusalém.
Vs. 8-9 – Paulo passa a listar seis qualificações necessárias ao “diácono [ministro].
“Sérios” (TB) – Ele deve ser um Cristão sóbrio e sério que se porta com dignidade.
“Não de língua dobre” – Ele não é conhecido por passar adiante informações que não estão de acordo com os fatos.
“Não dado a muito vinho” – Ele deve considerar seu testemunho diante dos outros e ser cuidadoso para não servir de tropeço a outros por entregar-se ao vinho.
“Não cobiçoso de torpe ganância [não buscando lucrar de forma desonesta – JND] – Ele não deve ser caracterizado por ter uma obsessão por ganhar dinheiro – especialmente por meios questionáveis. Isso é importante porque uma das atividades do diácono/ministro é cuidar das coletas dos santos (At 6:1-4). Se alguém é conhecido por ter uma atração exagerada pelo dinheiro, não seria sensato confiar a uma pessoa com essa fraqueza o encargo de manusear os recursos da assembleia, pois ele pode ser tentado a furtar.
“Guardando o mistério da fé em uma consciência pura” – Ele não deve ser apenas ortodoxo doutrinariamente, mas deve ser alguém que guarda “a fé” (a revelação da verdade Cristã) “em uma consciência pura”. Ter uma consciência pura em relação à verdade é ter uma convicção sincera quanto a praticá-la, porque é algo em que ele realmente acredita.
V. 10 – Paulo acrescenta, “Estes sejam primeiro provados, depois ministrem”. Diáconos [ministros] devem ser testados em uma esfera menor antes de serem encarregados de gerenciar coisas temporais na assembleia. Isso mostra que eles devem ser introduzidos progressivamente nessa obra.
“Se forem irrepreensíveis [sem acusação contra eles – JND] – O ponto aqui é que o diácono/ministro deve ter um testemunho pessoal coerente para que ninguém possa acusá-lo legitimamente de algum mal, o que contribuiria para que o testemunho Cristão sofresse acusações injuriosas.
V. 11 – Ao contrário das instruções dadas ao supervisor, as “mulheres [esposas – KJV] dos diáconos são mencionadas em conexão com a obra dos diáconos. Isso se deve ao fato delas poderem participar dessa obra temporal, o que não acontece com as responsabilidades administrativas de um supervisor. Essa é outra diferença entre esses dois ofícios. Uma irmã pode servir de ajuda nessa obra temporal, nós podemos ver isto no caso de “Febe”. Ela era uma “serva [ministra ou diaconisa] da assembleia em Cencréia (Rm 16:1 – AIBB). Isso mostra que uma irmã pode ser uma “ministra” – mas não, obviamente, no sentido convencional da palavra usada na Cristandade para designar um clérigo. A bem da verdade, essa posição não deveria ser ocupada nem mesmo por um irmão!
Quanto às características a serem observadas nas “mulheres” que servem aos santos nessa função, quatro coisas são mencionadas.
“Sérias” (TB) – Ela deve ser uma mulher Cristã séria, que se porta de maneira digna.
“Não maldizente” – Ela evita se intrometer na vida alheia na assembleia – especialmente quando se trata de informações possivelmente falsas.
“Sóbria [temperante – AIBB] – Ela exerce o controle próprio em sua vida pessoal.
“Fiel em tudo” – Ela é digna de confiança nos assuntos confidencias que dizem respeito à assembleia.

V. 12 – Mais duas coisas são acrescentadas em relação ao diácono/ministro.
“Marido de uma mulher” – Como no caso do supervisor, ele não pode ser um polígamo.
“Governem [conduzam – JND] bem seus filhos e suas próprias casas” – Assim como o supervisor, é necessário que o diácono tenha uma família e um lar em ordem. Governar, no sentido em que é utilizado aqui, não se refere a ser um déspota, mas sim que ele entenda seu lugar como cabeça de sua família e cumpra suas responsabilidades nesse lugar conduzindo e guiando seu lar de uma maneira ordenada.
V. 13 – Se essa obra temporal for realizada fielmente, o diácono/ministro ganhará oportunidades em outras áreas do serviço – principalmente no testemunho oral do evangelho. Eles “adquirirão para si uma boa posição e muita confiança na fé que há em Cristo Jesus”. A vida em ordem e o trabalho fiel na casa de Deus se tornam um testemunho a favor do diácono/ministro, mostrando a todos em volta que ele é alguém em quem se pode confiar. Ao exercitar seu dom no ministério da Palavra (se ele tiver esse dom), o testemunho da sua vida irá conferir autoridade ao seu ministério. Isso é ilustrado nas vidas de Estevão e Filipe em Atos 7-8. Esses homens eram diáconos na assembleia em Jerusalém (At 6:5), e tendo cumprido fielmente sua obra, foram ousados na fé e testemunharam a respeito do Senhor diante do Sinédrio (At 7) e na cidade de Samaria (At 8). Estevão tinha o dom para ensinar e Filipe tinha o dom de evangelista (At 21:8). O exercício de seus dons espirituais no ministério, no entanto, não deve ser confundido com seu cargo local na assembleia em Jerusalém; pois são duas esferas diferentes na casa de Deus.

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