A lei Condena Pecadores
Vs. 9-11 – A utilização correta da lei é explicada na
próxima sequência de versos. Seu grande propósito não é (e nunca foi) fazer os homens andarem de maneira justa, mas
mostrar que o julgamento de Deus é contra todo mal princípio no homem. Ela é
uma espada para a consciência, dando aos homens o conhecimento de que eles
pecaram (Rm 3:20), mas ela não tem nenhum poder para produzir o bem no homem
(Rm 3:19; Gl 3:19).
Paulo ilustra essa questão ao listar uma série de infratores
cujas vidas a lei mosaica condena. Nove dos dez mandamentos são aqui abordados.
“Transgressores e insubordinados ... irreverentes e pecadores ... ímpios e
profanos” (AIBB) se referem àqueles que violam a primeira tábua de
mandamentos de um modo geral. A primeira tábua (os primeiros quatro
mandamentos) está relacionada à responsabilidade do homem para com Deus. “Irreverentes”
diz respeito a viver independente de Deus. “Ímpios e profanos” tem a ver
com a corrupção em coisas santas relacionadas a Deus.
O restante da lista se refere à segunda tábua da lei;
que tem a ver com a responsabilidade do homem para com o seu próximo.
- “Os parricidas e os matricidas” (ARA). Isso viola o 5º mandamento: “Honra a teu pai e a tua mãe” (Êx 20:12).
- “Homicidas”. Isso viola o 6º mandamento: “Não matarás” (Êx 20:13).
- “Devassos” e “sodomitas”. Isso viola o 7º mandamento: “Não cometerás adultério” (Êx 20:14).
- “Roubadores de homens.” Isso viola o 8º mandamento: “Não furtarás” (Êx 20:15).
- “Mentirosos” e “perjuros”. Isso viola o 9º mandamento: “Não dirás falso testemunho” (Êx 20:16).
A frase, “e para o que for contrário à sã doutrina”,
resume todos os mandamentos, e de certa forma, inclui o décimo mandamento – “Não
cobiçarás”. Os outros mandamentos referem-se aos atos, esse tem a ver com
uma inclinação do coração. Paulo parece ter compreendido sua quebra do décimo
mandamento algum tempo depois de sua conversão (Rm 7:7-9). Muitos expositores
acreditam que ele aprendeu isso quando foi para a Arábia e passou pelos
exercícios de Romanos 7:7-25, e assim, encontrou libertação prática da natureza
pecadora que habitava nele.
Paulo acrescenta que esse uso correto da lei é “segundo
o evangelho da glória do Deus bendito” (ARA) que ele pregou. Isso mostra
que a lei está em total acordo com o evangelho, na medida em que ambos
preservam a santidade de Deus. No entanto, o padrão de santidade proclamado no
evangelho é bem mais elevado do que aquele que é declarado na lei, porque o
evangelho da glória de Deus centra-se em torno de um Cristo glorificado. Deste
modo, ao anunciar o evangelho, Paulo diz, “Porque todos pecaram e
destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23). Ele não diz, “Porque
todos pecaram e foram destituídos da lei”.
Ao falar do “evangelho da glória de Deus”,
Paulo está se referindo ao caráter mais elevado e pleno do evangelho pregado na
era Cristã. Em outra parte, ele disse que pregou o “evangelho da graça de
Deus” (At 20:24). Esses não são dois evangelhos diferentes, mas dois
aspectos do mesmo evangelho. O evangelho da graça de Deus declara que
Deus desceu na Pessoa de Cristo, Quem consumou a redenção para toda a
humanidade. O evangelho da glória de Deus declara que Deus ressuscitou a
Cristo dentre os mortos e assentou-O à Sua direita em glória. Esse segundo
aspecto da mensagem revela o fato de que há um Homem glorificado à destra de
Deus e de que o crente tem uma posição de aceitação lá n’Ele. Os outros
apóstolos pregaram o evangelho da graça de Deus; Paulo também o pregou, mas ele
tinha uma comissão especial de pregar o evangelho da glória de Deus, e,
portanto, ele o chama de “meu evangelho” (Rm 2:16, etc.).
Afirmar que Deus é “o Deus bendito” condiz com
o encargo do apóstolo nessa epístola. Bendito quer dizer feliz. O caráter de
Deus como um Deus feliz que deseja a benção de Suas criaturas está de acordo
com “o testemunho” que deve ser “dado” nesse “tempo oportuno”
– o Dia da Graça (cap. 2:6). O conceito de um “Deus bendito” é
exatamente o oposto das ideias que os pagãos têm de Deus. Eles criam seus
ídolos e imagens de acordo com suas ideias sobre Deus, e invariavelmente eles O
retratam como sendo triste ou zangado. O evangelho, por outro lado, apresenta
Deus como Ele realmente é – um Deus feliz que deseja a bênção de Suas
criaturas.
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