sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Servos (Escravos)


Servos (Escravos)

Capítulo 6 – Nesse capítulo, Paulo continua a tratar das coisas que dizem respeito à comunhão na casa de Deus. Ele exorta contra tudo aquilo que poderia prejudicar os relacionamentos especiais que temos uns com os outros, e isso, por conta do testemunho público do Cristianismo perante o mundo.
Cap. 6:1-2 – Paulo em seguida trata dos “servos [escravos – JND] que estavam sob a autoridade de seus senhores. Esses crentes eram escravos. Isso é algo que nunca foi planejado para o homem, mas foi instituído por homens perversos por motivos torpes. É significativo, no entanto, que Paulo não diz a esses crentes escravos para se livrarem dessa situação. Pelo contrário, ele diz a eles para se comportarem adequadamente nessa situação para que o testemunho da graça de Deus não fosse manchado.
Isso mostra que o Cristianismo não é uma força para corrigir injustiças sociais no mundo. Quando o Senhor veio em Sua primeira vinda, Ele não Se empenhou em reformar o mundo e restaurar seus erros terrenos – quer fossem sociais ou políticos. Ele fará isso num dia vindouro quando intervier em julgamento em Sua Aparição; então toda coisa tortuosa nesse mundo será endireitada (Is 40:3-5). Os Cristãos não devem tentar consertar o mundo agora, mas aguardar por aquele dia (Mt 13:28-29). Devemos deixar o mundo tal como está, e anunciar o evangelho que convoca os homens a saírem dele para o céu. Não há, portanto, nenhuma ordem nas epístolas para Cristãos consertarem os erros da escravidão, ou qualquer outra injustiça social nesse mundo. Isso é porque estamos “no” mundo, mas não somos “do” mundo (Jo 17:14). O Senhor disse que se Seu reino fosse “deste mundo”, então Seus servos lutariam nessas circunstâncias (Jo 18:36). Mas visto que não era esse o caso, devemos “deixar o caco se esforçar com os cacos da Terra” (Is 45:9 – JND). A esse respeito, Hamilton Smith disse: “O grande objetivo da casa de Deus não é melhorar o mundo, mas dar testemunho da graça de Deus a fim de que homens possam ser salvos do mundo, que, mesmo com a desenvolvimento cultural e algumas melhorias sociais, está indo para o juízo”.
Paulo vê dois cenários em relação aos servos (escravos): um onde o senhor talvez não seja um crente (v. 1), e outro onde o senhor é um crente (v. 2). A grande preocupação de Paulo em ambos os casos é que “o nome de Deus e a doutrina [o ensino – JND] não sejam blasfemados”. Vemos aqui, como tantas vezes nessa epístola, que o foco está em manter um bom testemunho exterior perante o mundo. Isso nos mostra também que independentemente de onde uma pessoa está na escala social, ela ainda tem uma oportunidade de testemunhar de Cristo.
Nota: Paulo não diz a esses servos para fugirem, como Onésimo fez antes de ser salvo (Fm 15). Em vez disso, eles deviam permanecer nessa situação de vida e glorificar a Deus diante de seus senhores tratando-os com “toda a honra”. Isso renderia um bom testemunho perante todos.
Se o senhor fosse um crente, o servo poderia estar inclinado a “desprezar” a ele por promover o princípio mundano da escravidão, mesmo ele sendo um irmão no Senhor. Seria especialmente difícil para os servos respeitar seus senhores nessa situação, sabendo que eles tinham o seu “benefício pelo bom e pronto serviço [prestado]” (JND) pelo servo. Não obstante, os servos deviam tratar seus senhores crentes “com sujeição porque eles são fiéis e amados” (JND).
Poderíamos nos perguntar que lição nós – que vivemos no mundo Cristão ocidental de hoje – poderíamos tirar disso, visto que a escravidão foi abolida há muito tempo nessas regiões. No entanto, quando estamos numa atividade profissional remunerada fazendo parte da força de trabalho de alguma empresa, prestamos nossos serviços para essa empresa em troca de remuneração (salário). Durante as horas de nosso trabalho nessa ocupação, estamos, em princípio, na mesma posição desses servos. Portanto, as ordens dadas aqui têm uma aplicação prática para nós quando estamos no local de trabalho. Devem ser dados honra e respeito aos nossos empregadores, da mesma forma que esses escravos eram obrigados.
A história da Igreja revela que essa ordem era observada por escravos Cristãos em geral, ao ponto de ser algo bem conhecido no mundo da escravidão que um escravo Cristão custava um preço mais alto nos leilões. Isso é um grande tributo à fé Cristã. Deve ser da mesma forma hoje; qualquer empregador que puder ter um empregado Cristão deve ser grato, pois o Cristão deve cuidar do negócio do seu empregador e tratá-lo como se fosse seu (Ef 6:5-8; Cl 3:22-25; 1 Pe 2:18).

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