Supervisores
A
forma mais comum usada pelo Senhor para guiar uma assembleia local em suas
responsabilidades administrativas é por meio daqueles que “assumem a
liderança entre vós” (1 Ts 5:12-13; Hb 13:7, 17, 24; 1 Co 16:15-18; 1 Tm
5:17 – JND). A KJV e várias em português traduziram essa frase como “Aqueles
que governam sobre vós”. Mas isso é um pouco equivocado. Isso pode nos fazer
pensar que deveria haver uma casta especial de homens instituídos para “governar
sobre” o rebanho – isto é, o clero. (Essa é uma demonstração clara de que a KJV
esteve nas mãos de clérigos quando estava sendo traduzida, e eles acabaram
influenciando os tradutores de alguma forma. O uso da palavra “bispo” no texto nessas
versões no verso 2 é outro exemplo.)
Esses
homens devem liderar “entre” o rebanho, e não dominar “sobre” o
rebanho (1 Pe 5:3). Assumir “a liderança” nesta qualidade não se refere a
liderar no ensino público, mas em questões administrativas da assembleia. Confundir
essas duas coisas é não entender a diferença entre dom e ofício, que são duas
esferas diferentes na casa de Deus. W. Kelly disse que alguns desses que “assumem
a liderança” não necessariamente ensinam publicamente, mas é muito bom e
útil quando podem fazê-lo (1 Tm 5:17). Espera-se que esses homens conheçam os
princípios da Palavra de Deus e sejam capazes de expô-los diante da assembleia
para que ela possa entender a linha de ação que Deus gostaria que fosse tomada
em questões com que tivesse que confrontar (Tt 1:9).
Há três
palavras usadas nas epístolas para descrever esses líderes responsáveis em uma
assembleia. Todas elas se referem a uma só função.
- Primeiro – “anciãos” (Presbuteroi). Esse termo se refere àqueles de idade avançada – nos fala da maturidade e experiência necessárias para esse trabalho. No entanto, nem todos os homens de idade na assembleia necessariamente exercem a função de líderes. (1 Tm 5:1; Tt 2:1-2).
- Segundo – “supervisores” (Episkopoi). Esse termo se refere ao trabalho que eles fazem – pastoreando o rebanho (At 20:28; 1 Pe 5:2), velando pelas almas (Hb 13:17) e admoestando (1 Ts 5:12).
- Terceiro – eles são chamados “guias [líderes]” (Hegoumenos). Esse termo se refere à sua capacidade espiritual de liderar e guiar em questões administrativas.
Como
foi mencionado, esses não são três postos diferentes na assembleia, mas três
aspectos de um ofício. Isso pode ser visto na maneira como o Espírito de Deus
usa esses termos de forma intercambiável. Compare Atos 20:17 com Atos 20:28 e
Tito 1:5 com Tito 1:7. Nós percebemos que no Cristianismo tradicional um “bispo”
é um alto oficial da igreja que exerce autoridade sobre muitas congregações
locais nas quais há muitos anciãos e ministros. No entanto, a Bíblia não fala
deles nesse sentido. A mesma palavra traduzida como “supervisores” em
Atos 20:28 é traduzida como “bispo” em 1 Timóteo 3:1. Isso mostra que
ambos os termos se referem à mesma coisa. Além disso, a Escritura indica que
havia alguns bispos (supervisores) numa determinada assembleia (At 20:28; Fp
1:1; Tt 1:7), mas nunca fala de um bispo acima de muitos ministros e anciãos.
Esses
homens não deveriam nomear a si mesmos para a função de supervisor/ancião/guia,
nem deveriam ser nomeados pela assembleia – ainda que esta segunda opção seja
praticada por quase todo grupo de Cristãos atualmente. Em cada caso na
Escritura anciãos eram nomeados para uma assembleia (não por uma
assembleia), por um apóstolo ou por alguém delegado por um apóstolo (At 14:23;
Tt 1:5). E isso acontecia apenas depois de o Espírito de Deus haver trabalhado
em determinados indivíduos e os haver levantado para aquela obra (At 20:28). Seria
possível identificar quem eles são pelo seu cuidado dedicado aos santos, seu conhecimento
dos princípios escriturais e pelo seu bom senso.
Uma
vez que não há apóstolos (ou pessoas delegadas por um apóstolo) atualmente na Terra,
não pode haver nenhuma nomeação oficial de anciãos/supervisores/guias, como
havia na Igreja primitiva. Isso não significa que o trabalho de supervisão não
possa continuar; o Espírito de Deus continua levantando homens piedosos para
exercer a supervisão em assembleias reunidas biblicamente. Esses seriam
certamente aqueles a quem os apóstolos ordenariam (nomeariam) se estivessem
aqui atualmente. O mais importante a ser notado é: um homem não se torna
supervisor ao ser eleito para esse ofício por uma assembleia, mas sim pelo
Espírito Santo levantando-o e capacitando-o para esse trabalho (At 20:28). A
assembleia deveria ser capaz de reconhecer o que o Espírito está fazendo nesses
homens e por meio deles. Consequentemente, os santos devem “reconhecê-los”
(1 Ts 5:12), “estimá-los” (1 Ts 5:13), “honrá-los” (1 Tm 5:17), “imitar”
sua fé (Hb 13:7), se “submeter” a eles (Hb 13:17) e “saudá-los”
(Hb 13:24).
O
motivo pelo qual a Escritura nunca diz que a assembleia deve escolher e ordenar
seus anciãos é que a assembleia não tem nenhum poder de ordenação conferido a
ela por Deus para ser capaz de realizar esse encargo relativo aos anciãos. Somente
a sabedoria de Deus é capaz disso, porque nós naturalmente tendemos a escolher
aqueles que favorecem nossas tendências. Sabendo que existe essa tendência,
caso um homem tenha o desejo de ser um supervisor, ele pode acabar se sentindo pressionado
a se submeter às vontades e desejos da assembleia a fim de ser escolhido para
essa obra. Além disso, caso a assembleia esteja em um nível espiritual baixo,
pode acabar querendo coisas que não estão de acordo com a Palavra de Deus e os
supervisores podem sentir-se tentados a comprometer certos princípios no intuito de
permanecerem como supervisores. Logo, esse tipo de arranjo tende a produzir
bons “homens partidários” que fazem aquilo que a assembleia quer, ao invés de
homens fiéis que insistirão naquilo que a Escritura ensina e que a imporão,
caso seja necessário – mesmo que isso signifique desagradar a determinados
indivíduos na assembleia.
A
principal finalidade do governo da Igreja é manter a santidade e a ordem na
casa de Deus em cada assembleia. Os supervisores são responsáveis por assumirem
a liderança nisso e assegurarem que a assembleia seja guiada em um caminho
baseado na Escritura. Isso está predominantemente relacionado com duas áreas
principais de responsabilidade:
- Cuidado com o que entra na assembleia. Isso envolve princípios de recepção.
- Cuidado com o que (ou quem) está na assembleia. Isso envolve pastoreio, disciplina na Igreja etc.
V. 1 – Paulo começa falando daqueles que almejariam “exercer
a supervisão” na assembleia. É uma obra “boa” e necessária, e tais
homens deveriam ser encorajados a isso. Alguns anos antes, Paulo tinha se
dirigido aos anciãos da assembleia em Éfeso com suas preocupações e havia dado
a eles um resumo da obra na qual eles deveriam estar empenhados como supervisores
(At 20:28-35). Seu resumo serve como um esboço para todos aqueles que
supervisionariam o rebanho de Deus em sua localidade. O resumo é o seguinte:
- Pastorear o rebanho (v. 28).
- Vigiar contra dois perigos principais – lobos entrando e homens se levantando para atrair discípulos após si. (vs. 29-31).
- Usar os dois maiores recursos que Deus deu para essa obra – a oração e a Palavra de Deus. (v. 32).
- Estar envolvido em um ministério de doar (vs. 33-35).
Atos 20:17 deixa claro que já havia anciãos instituídos
na assembleia em Éfeso. Mas Paulo alertou naquela ocasião que alguns dos
anciãos desertariam (At 20:30) e que, portanto, essas instruções seriam muito
necessárias na substituição deles. O fato de que haveria aqueles que “almejariam”
essa obra naquela localidade, naquele momento, indica que haveria a necessidade
de alguns prosseguirem nessa obra. No entanto, não muito tempo depois de Paulo
ter falado a respeito desse ofício na casa de Deus, ele mostra que essa obra
não é para todos os irmãos na assembleia. Existem determinadas qualificações
morais que são requeridas na pessoa que supervisiona o rebanho. Paulo passa a
dar uma lista de 15 qualificações:
V. 2 – “Irrepreensível” – Quanto ao caráter
pessoal do supervisor, nenhuma acusação de erros graves pode estar imputada a
ele. Ele não está envolvido em práticas duvidosas e questionáveis em sua vida. O
ponto aqui é que ele deve estar acima de qualquer suspeita.
“Marido
de uma mulher” – Isto
mostra que esse trabalho na casa de Deus deve ser efetuado pelos homens – não
pelas mulheres. Paulo não diz: “Esposa de um marido ...”. Apesar de hoje em dia
isso não ser popular, essa é a ordem de Deus. As mulheres na Igreja nos dias de
hoje não estão apenas pregando e ensinando no púlpito, mas estão também em
funções administrativas como anciãs e diaconisas. No entanto, fica claro a
partir da Escritura que as mulheres não devem se envolver em assuntos
administrativos da assembleia (1 Tm 2:12; At 15:6). Independente de quão
capazes e sérias essas mulheres possam ser, estarem nessas funções na casa de
Deus nega Sua autoridade como Deus Criador. Ele estabeleceu essa ordem moral na
criação, como nós constatamos no capítulo 2:13 e espera que todos em Sua casa
que aceitam Sua autoridade obedeçam a Sua ordem. Isso não é algo que os homens
inventaram em seus esforços para ter o domínio sobre as mulheres, ou algo do
tipo; essa é a ordem de Deus na casa de Deus.
Alguns
acreditam que “marido de uma mulher” signifique que um supervisor só
deva se casar uma vez; se sua mulher morrer, ele não pode se casar novamente. Mas
o significado não é esse. O que está sendo dito é apenas que o homem não pode
ser um polígamo. Naquela época, com muita frequência polígamos eram salvos;
eles poderiam ser recebidos à comunhão, mas esse ofício não era para eles. Seus
casamentos não correspondiam à ordem necessária na casa de Deus diante do
mundo. O desígnio de Deus “desde o princípio da criação” é que o
casamento fosse entre um homem e uma mulher – não entre um homem e várias
mulheres (Mc 10:2-12). Deus permitiu a poligamia na época do Velho Testamento e
até mesmo no período do Novo Testamento, quando uma pessoa estava envolvida em
relacionamentos desse tipo antes de sua conversão, mas esse não é o desígnio de
Deus para homens e mulheres. O fato de a poligamia ser permitida na Igreja, aos
convertidos do paganismo e do judaísmo, não significa que um Cristão deveria
aderir à poligamia.
“Temperante” (ARA)
– O supervisor deveria ser conhecido por não ir aos extremos em nenhuma das
questões da vida, seja na comida, bebida, lazer, hobbies etc. Ele deveria ser reconhecido
pelo controle próprio e por levar uma vida equilibrada.
“Sóbrio
[discreto]” – Isso significa que ele é um Cristão sério; ele
não deve ser caracterizado por ser tolo ou fútil. Tal insensatez só compromete
a sua influência e destrói a confiança que os santos deveriam ter nele (Ec
10:1). Ele deve se portar com dignidade, mas sem orgulho.
“Honesto” – Honestidade tem a ver com saber como agir corretamente em cada
situação da vida.
“Hospitaleiro” – Sua casa está aberta aos santos. O ambiente
familiar é onde o supervisor e sua esposa podem demonstrar seu amor e cuidado
pelos santos de uma forma prática.
“Apto para ensinar” – Isso não significa que ele deve ter o dom público
de mestre, mas que ele conhece a verdade e pode ajudar aqueles que querem
aprendê-la (At 18:26) e é capaz de defender a fé quando ela estiver sendo
atacada (Tt 1:9). Semelhantemente, ele deve “pastorear o rebanho” (At
20:28; 1 Pe 5:2) mas isso não significa que ele deve ter o dom de “pastor”
(Ef 4:11).
V. 3 – “Não dado ao vinho” – Se alguém não
consegue dominar seu próprio espírito controlando seus desejos carnais pelo
vinho, como será capaz de governar adequadamente a assembleia? O supervisor que
tem o cuidado da assembleia em seu coração considera seu testemunho diante dos
outros e é cuidadoso para não servir de tropeço a ninguém por entregar-se ao
vinho. Ele não irá se permitir ficar sob o poder desse tipo de vício para o bem
do testemunho (Pv 31:4).
“Não espancador” – Ele não é uma pessoa violenta; ele não recorre à
intimidação para conseguir se impor na assembleia.
“Moderado [manso – JND]” – Ele é amável, e considera os sentimentos dos
santos, portanto trata-os com ternura. Logo, eles o veem como uma pessoa com
quem se sentem confortáveis em compartilhar seus problemas.
“Não contencioso” – Ele é conhecido por evitar contendas, em vez de
procurar por elas. Algumas pessoas estão sempre no centro das polêmicas e
contendas, mas ele não é caracterizado por isso. Isso não significa que ele não
confrontará certas coisas na assembleia se for necessário, mas que ele não é
uma pessoa contenciosa.
“Não amante do dinheiro” (JND) – Ele é conhecido por voluntariamente dar do
seu dinheiro, em vez de tentar retê-lo. A busca pelo dinheiro pode se tornar em
um deus (cap. 6:9-10), mas ele não tem esse tipo de objetivo diante de si.
Vs. 4-5 – “Que governe bem a própria casa” – Isso
significa que ele demonstrou sua capacidade para essa obra na esfera menor e
mais simples de seu lar. Seus filhos são “crentes” (Tt 1:6 – ARA) e
andam “em sujeição com todo o respeito” (TB). Se ele conduz bem sua própria casa, ele demonstra que é
capaz de “cuidar da assembleia”
(JND).
V. 6 – “Não neófito” – Isso mostra que a
experiência e a maturidade são necessárias nesse trabalho de supervisão; um
crente novo simplesmente não tem isso ainda. Isso também se aplicaria a quem é
mais velho na idade, porém novo na fé. Se, na sua vida Cristã, ele se envolver
muito cedo nas questões administrativas da assembleia, pode acabar “ensoberbecendo-se”
e caindo na “condenação do diabo” – que é se deixar levar por sua
própria importância. É preciso ter alguma experiência nas provas do deserto da
vida para descobrir o que está nos nossos corações (Rm 7:18); nós nunca iremos
saber isso plenamente até o tribunal de Cristo. É pouco provável que uma pessoa
jovem ou um novo Cristão já tenha enxergado “a chaga do seu coração” (1
Rs 8:38), e pode acabar se ocupando com sua recém-descoberta importância entre
os santos, e assim vir a sofrer uma queda horrível (Pv 16:18).
Novos convertidos e crentes jovens podem exercitar seu
sacerdócio na assembleia (cap. 2) e exercitar seu dom na pregação ou no ensino
(cap. 4), mas eles não devem participar desse trabalho de supervisão (At 15:6).
Em conformidade com isso, no livro de Atos nós vemos que Paulo e Barnabé
costumavam não ordenar anciãos em uma assembleia recém estabelecida. Eles
aguardavam até a sua segunda visita para isso, quando já teria ocorrido algum
crescimento e visível estabilidade naqueles que foram salvos (At 14:21-23).
V. 7 – “Bom testemunho dos que estão de fora; para
que não caia em afronta” – Por último, mas não menos importante, a vida de
um supervisor deve ser coerente com aquilo que ele professa diante do mundo. Do
contrário, o Cristianismo e sua mensagem de graça que busca representar serão
rejeitados pelo mundo. Serão tidos como hipocrisia. O exemplo triste de Ló
ilustra essa questão; sua vida era tão incoerente com a mensagem que ele tinha
transmitido que “ele pareceu aos seus genros como quem estava zombando”
(Gn 19:14 – TB). Eles não o levaram a sério.
Paulo acrescenta algo mais; aqueles que não tomam
cuidado com seu testemunho pessoal diante do mundo correm o risco não apenas de
caírem em descrédito perante o mundo, mas também de caírem na “cilada do
diabo”. Isso mostra que alguém que está na posição de supervisor se torna
um alvo especial do inimigo. Satanás tem um plano relativo a todos os líderes
na Igreja. Se possível, ele irá montar uma armadilha para eles atraindo-os para
algo questionável, de modo a trazer contra eles acusações injuriosas e grande
reprovação contra o Cristianismo (Ap 12:10). Além disso, se Satanás conseguir
que supervisores abandonem a assembleia por algum motivo cismático, eles
provavelmente “atrairão discípulos” após si por conta de sua influência
(At 20:30). Isso mostra que a posição e a obra de um supervisor na assembleia
não é para ser exercida por Cristãos imaturos ou descuidados.
Não devemos pensar que as qualidades morais descritas
para os supervisores se aplicam apenas a eles, e que é aceitável ao restante
dos santos viver abaixo desse padrão, pelo fato de não serem supervisores. Seria
errado dizer, “Eu não sou um ancião, portanto, eu não preciso me importar com
essas coisas na minha vida”. Deus não tem dois padrões morais para Seu povo – um
para o supervisor e outro para o restante do rebanho. Isso é visto no fato de
que os anciãos devem ser “modelos do rebanho” (1 Pe 5:3 – ARA). Cabe ao
rebanho imitar os anciãos nesses padrões morais porque todos os santos
devem ser caracterizados por essas coisas. As instruções que Paulo dá quanto
aos anciãos e diáconos são aquilo que deveria ser visto em todos, mas
que deve ser visto naqueles que fazem este trabalho.
Também poderíamos pensar, pelo fato de existirem
pouquíssimos que estão à altura desses padrões para a supervisão, que esse
trabalho não pode ser cumprido na Igreja atualmente. No entanto, nós não
acreditamos que Deus deixaria as assembleias locais desprovidas deste tipo de
orientação e ajuda. O que fazer? Quem está qualificado para essa obra? Nós
acreditamos que há um princípio orientador em 1 Coríntios 16:15-18. Não há
nenhum registro de anciãos sendo nomeados naquela assembleia, apesar de Paulo
ter estado com eles durante 18 meses (At 18:11). Provavelmente porque havia tão
grande mundanismo entre os coríntios que ele não viu ninguém que fosse
qualificado para esse ofício. Mas no encerramento de sua primeira epístola a
eles, ele lhes deu um princípio que nós acreditamos responder à pergunta. Ele
encomendou os santos daquela assembleia a determinados irmãos entre eles que
haviam “se tem dedicado [devotado
– JND]” ao cuidado do rebanho. Eles poderiam não ter as
qualificações necessárias para um supervisor, mas estavam fazendo essa obra
entre os santos de uma forma não oficial. Assim, havia liderança naquela
assembleia em Corinto, ainda que havia grande fraqueza nela. Paulo intimou os
santos a se “sujeitarem” aos tais.
Esse é um princípio útil para nossa época, quando não
há apóstolos na Terra para ordenar anciãos e existem necessidades entre os
homens nas assembleias quanto a essas qualificações morais. Se existirem
aqueles que cuidam do rebanho com interesse piedoso – embora eles possam não
ter suas vidas perfeitamente em ordem tal como indicado nesse capítulo – os
santos ainda têm que reconhecê-los e tê-los “em grande estima e amor, por
causa da sua obra” (1 Ts 5:13).
Convém também lembrar que em todas essas coisas nesse
capítulo, Paulo não está falando da
capacidade de uma pessoa para exercitar seu dom espiritual de pregação ou de
ensino, etc., mas de sua capacidade para exercer um ofício no governo da
Igreja. Essas são duas coisas diferentes que pertencem a duas esferas
diferentes na casa de Deus. Alguns pensam que um irmão não deveria ministrar a
Palavra pregando e ensinando porque sua família não está em ordem, ou porque
falta-lhe algumas outras qualificações listadas nesse capítulo relacionadas aos
supervisores. A ausência dessas qualidades pode impedir que as pessoas recebam
o ministério de alguém, mas isso não o proíbe de pregar ou ensinar. Quando é
isso o que acontece conosco, e falta alguma dessas coisas nas nossas vidas
pessoais, nós deveríamos “ir mansamente” no ministério (Is 38:15), e
falar no espírito de humildade tendo a consciência de que temos falhado (2 Sm
23:5). Não obstante, se o teor daquilo que nós trouxermos diante dos santos for
bom e proveitoso, deve ser recebido por eles, ainda que venha de um vaso
imperfeito.
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