sábado, 15 de dezembro de 2018

O Uso dos Nossos Dons


O Uso dos Nossos Dons

Vs. 13-15 – Paulo continua encorajando Timóteo a usar seu dom ministrando a Palavra. Se Timóteo tinha passado tempo aprendendo a verdade ao seguir de perto os assuntos de doutrina com estudo diligente (v. 6), havia chegado o momento de ele ajudar a outros no entendimento dessas coisas. Assim, Paulo diz “Até à minha chegada, aplica-te à leitura  (pública das Escrituras), à exortação, ao ensino” (ARA). A “leitura” que Paulo fala aqui não é a leitura pessoal e privada da Escritura (ou ministério escrito), mas a leitura pública das Escrituras quando os santos estão reunidos (“ler aos outros” conforme nota de rodapé da Tradução de J. N. Darby). A Igreja primitiva tinha o costume de se reunir para ouvir a leitura das Escrituras (Cl 4:16; 1 Ts 5:27). O fato de Paulo ter incluído “exortação” e “ensino” indica que após as Escrituras serem lidas em voz alta, havia a oportunidade nessas reuniões para que qualquer um que tivesse um dom para exortar ou expor a verdade, fizesse comentários sobre a passagem que era lida para a ajuda e entendimento espiritual dos santos. Esse tipo de reunião é algo que as assembleias Cristãs devem ter regularmente. Era uma oportunidade excelente para que Timóteo usasse seu dom ensinando e exortando.
Reuniões de leitura eram necessárias naquela época porque a maioria das pessoas não tinha uma cópia das Escrituras. Era uma forma de todos ouvirem a Palavra de Deus e obterem algum ministério proveitoso. Além disso, naquela época muitos eram analfabetos, e não poderiam ler ainda que tivessem uma cópia das Escrituras. A reunião de leitura Bíblica ainda é um meio excelente de aprender a verdade e deve ser incluída na lista de reuniões em toda assembleia local atualmente. Aqueles que são capazes de expor as Escrituras têm a oportunidade de instruir a outros na verdade nesse tipo de reunião.
Paulo lembra a Timóteo que ele definitivamente tinha um “dom” para esse trabalho, e que ele não devia “negligenciar” o seu uso. Timóteo pode ter ficado hesitante pelo fato de ser jovem (v. 12), mas o encorajamento de Paulo mostra que a idade não deve impedir alguém de usar seu dom e ser uma ajuda nas reuniões. Também existe uma tendência de uma pessoa não usar seu dom em caso de oposição, mas Paulo já havia encorajado Timóteo a esse respeito, ao lembrá-lo que ele podia confiar no Deus vivo que é o Preservador de todos que dão um passo à frente nesse ministério.
É perfeitamente possível uma pessoa ter um dom, mas não o usar por negligência e falta de devoção (Cl 4:17; Pv 11:25-26). No entanto, não há lugar para preguiça e inatividade no serviço do Senhor. O profeta Jeremias alertou “Maldito seja quem fizer negligentemente a obra de Jeová” (Jr 48:10 – TB). É improvável que esse fosse o motivo da hesitação de Timóteo; ele era um devotado homem de Deus (Fp 2:19-21). O problema era que ele era tímido (1 Co 16:10; 2 Tm 1:7). Em relação a devoção e dons, J. N. Darby disse “Se houvesse mais devoção entre nós haveria mais dons entre nós”. Ele não quis dizer que dons espirituais vêm como consequência de uma pessoa ser devotado ao Senhor, mas que se nos devotássemos mais profundamente, os dons escondidos em nós se tornariam mais evidentes.
Para encorajar mais Timóteo, Paulo lembrou-lhe que ele tinha o apoio de seus irmãos mais velhos – “o presbitério”. Eles reconheceram que ele tinha um dom e impuseram suas “mãos” sobre ele em reconhecimento desse fato. Isso não significa que eles impuseram literalmente suas mãos sobre ele em um processo de ordenação, como alguns imaginam. Pelo contrário, tratava-se de uma ação simbólica de darem seu apoio e encorajamento a ele. Isso está de acordo com a maneira como o termo mãos é frequentemente usado nas epístolas – isto é, “as destras de comunhão” (Gl 2:9 – ARA). Esse tipo de apoio é importante; o obreiro necessita da comunhão de seus irmãos – especialmente dos anciãos na assembleia. Poderia até mesmo ter incluído ajudá-lo financeiramente. Mas, claro, é preciso discernimento ao fazer isso. Nós não deveríamos encorajar um irmão dessa maneira se for evidente que ele não tem um dom para ministrar a Palavra. Haveria pouco benefício espiritual para os santos e ele pode constranger a si mesmo.
A reunião de leitura deve ser usada principalmente para ensino e exortação. Se não houver ninguém presente com um dom específico para ensinar, os santos ainda podem ser alimentados por vários irmãos em uma reunião expressando aquilo que entendem em relação à passagem, apesar de isso ser algo limitado. Se eles fizerem isso em dependência do Senhor, Deus dará algo aos santos, porque Ele sempre abençoa a leitura de Sua Palavra (Ap 1:3).
Há talvez quatro coisas necessárias para que uma pessoa seja eficaz no ministério da Palavra:
  • A posse de um dom para ministrar a Palavra seja pregando, ensinando ou exortando (Mt 25:15; 1 Co 12:7; Ef 4:7; 1 Pe 4:10-11). Se um irmão tiver esse dom, isso ficará evidente à medida em que ele crescer em sua alma.
  • Um entendimento da verdade e tê-lo de maneira resumida a fim de poder passá-lo facilmente a outros (1 Tm 4:6; 2 Tm 2:15; 3:10).
  • Dependência do Senhor no exercício de seu dom (At 13:1-3).
  • Uma vida piedosa que é uma demonstração viva da verdade exposta por ele, que confere autoridade ao seu ministério (2 Co 4:1-2). 

V. 15 – “Ocupe-te com estas coisas; dedica-te plenamente a elas” (TB). A ARC. ARA e ARF traduzem: “Medita estas coisas,” mas isso muda completamente o sentido do verso transformando-o em uma exortação para passar tempo meditando tranquilamente na Palavra. No entanto, isso não é uma exortação para devoção privada – por mais necessário que isso seja – mas uma exortação para ensinar a verdade que ele assimilou. Paulo está falando aqui sobre colocar para fora, não colocar para dentro. Ele queria que Timóteo se entregasse “plenamente” em exercer seu dom no ministério, e as reuniões de leitura bíblica a que ele se refere no verso 13 eram uma excelente oportunidade para fazer isso. Em outra parte, ele diz Vamos nos ocupar em serviço” (Rm 12:7 – JND). Se Timóteo exercitasse seu dom dessa maneira, o “aproveitamento” que ele teria ganhado por meio do estudo privado seria “manifesto a todos” e muitos seriam ajudados. Por isso, Paulo o encorajou nessa boa obra.

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