sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Falsos Mestres


Falsos Mestres

Cap. 6:3-8 – Paulo passa a tratar sobre como devemos lidar com falsos mestres na casa de Deus. Ele se refere a tais indivíduos na frase, “Se alguém ensina diferentemente” (JND). Que falsos mestres se levantariam na casa de Deus é realmente triste, mas no capítulo 4:1, Paulo alertou que isso aconteceria.
V. 3 – Ensinar coisas “diferentemente”, se refere especificamente àquilo sobre o que Paulo estava falando nos dois versos anteriores, em que ele ensinou submissão à autoridade no local de trabalho, em vez de rebelião contra os erros da escravidão. Mas isso tem uma aplicação mais ampla, e pode abranger qualquer coisa que for heterodoxa[1] e contrária à verdade que foi entregue aos santos (Jd 3). Ministério que ensina Cristãos a lutarem por seus direitos nesse mundo e a se envolverem em iniciativas para corrigir as injustiças na sociedade é algo contrário ao que Paulo ensinou. Hamilton Smith disse: “Aparentemente, naquele período inicial havia aqueles que ensinavam de outra forma. Eles viam o Cristianismo apenas como um meio para melhorar as condições sociais de homens e mulheres, e assim fazer desse mundo um lugar melhor e mais radiante”.
É triste dizer, mas essas coisas são o foco em muitos círculos Cristãos atualmente. Cada vez mais, Cristãos estão se envolvendo em causas políticas e reformas sociais, mas isso não é ministério Cristão verdadeiro. Isso “não se conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade” (AIBB). O Senhor não ensinou tais coisas em Seu ministério terreno (os evangelhos), nem essa linha de coisas coincidem com a doutrina da graça no Cristianismo ensinadas pelos apóstolos (as epístolas).
Esse erro decorre das ideias erradas da Teologia Reformada (também conhecida como Teologia do Pacto) que, entre outros erros, ensina que nossos esforços evangelísticos são para converter e consertar o mundo, que, por sua vez, deixarão esse mundo pronto para o Senhor vir e começar Seu reino milenar. É triste dizer que Cristãos sob influência desse ensino falso, estão usando suas energias numa tentativa de alinhar o mundo aos princípios de justiça do reino. Mas essa é uma causa perdida! A Escritura ensina que o reino de Cristo não será estabelecido pelos esforços evangelísticos de Cristãos, mas pelo julgamento que será executado por Cristo em Sua Aparição (Is 26:9).
É significativo que Paulo menciona “doutrina” antes de “piedade”. Como foi muitas vezes afirmado, nossa doutrina forma nosso andar; temos que crer corretamente antes de podermos andar corretamente. Sã doutrina resulta em piedade prática. Repare também que Paulo fala de mestres enganadores nessa passagem no singular (“se alguém”), mas em sua segunda epístola, ele fala deles no plural (2 Tm 1:15; 2:17; 4:3). Isso mostra que com o passar do tempo, haveria um aumento de mestres com ensinos divergentes.
V. 4 – Paulo continua a explicar que essas falsas ideias vêm do orgulho do coração humano (“soberbo [inchado – JND]) e da ignorância da mente humana que (“nada sabe”). Toda essa presunção não promove feliz comunhão na casa de Deus, pelo contrário, isso a põe abaixo. Onde quer que ensinos errôneos sejam encontrados, inquietação e tristeza os acompanham. Há “questões e contendas de palavras” e “invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas”, etc.
Vs. 5-8 – Paulo acrescenta que esses falsos mestres, que eram “homens corruptos de entendimento, e privados da verdade”, tinham como motivo oculto a cobiça pelo dinheiro – e isso aparecia em seus ensinos. Ele diz: “cuidando que a piedade seja causa de ganho [sustentando ser o ganho a finalidade da piedade – JND]. Eles sustentam e ensinam que se uma pessoa vive uma piedosa e vitoriosa vida Cristã, Deus o abençoará com ganho material. Desse princípio errado, vem a ideia de que se você está fazendo a vontade de Deus, Ele lhe fará próspero e rico, e isso (dizem eles) será um testemunho para o mundo da bondade de Deus, e atrairá pessoas a Cristo. No entanto, se trata de misturar cobiça da carne com a graça de Deus e então apresentar isso como a verdade do evangelho. As pessoas podem até se sentir atraídas, mas não é Cristo que elas querem – é o dinheiro. Esse ensino errôneo predomina atualmente. O assim chamado “evangelho da prosperidade” que o “movimento carismático” prega, é um exemplo desse erro. Essencialmente eles reduzem o Cristianismo a algo um pouco melhor do que um meio de melhorar o status de uma pessoa no mundo. As palavras “Aparta-te dos tais” (KJV e ARC) têm pouca autoridade de manuscrito e foram deixadas fora de muitas traduções mais críticas. Ainda que esse seja o caso, esse é um bom conselho em relação a esse tipo de mestres.
Muitos consideram que é perfeitamente aceitável ter comunhão com mestres de má doutrina, ainda que esses mestres sustentem coisas que são contrárias à verdade quanto à Pessoa e obra de Cristo. Eles pensam que não há problema contanto que eles pessoalmente não sustentem essas coisas. Mas isso é ingenuidade; mais cedo ou mais tarde seremos contaminados por essas coisas. Paulo repreendeu os Coríntios por sua má doutrina em relação à ressurreição, que eles tinham adquirido por não serem cuidadosos com suas associações. Ele diz: “Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes” (1 Co 15:33). Esse verso é frequentemente utilizado em conexão com o perigo de adquirir maus hábitos morais por sermos descuidados com nossas associações, mas isso na verdade tem a ver com adquirir má doutrina por meio de nossas associações. O apóstolo João disse claramente quais devem ser nossas atitudes quando nos deparamos com aqueles que não sustentam a verdade em relação à Pessoa de Cristo. Ele disse: “Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras” (2 Jo 11). Isso significa que ainda que não sustentemos essas más doutrinas, se nos associamos com aqueles que o fazem, somos considerados como sendo cúmplices com eles! Visto que a associação com o mal contamina, a forma de tratar todos esses mestres de má doutrina na casa de Deus é nos “apartando” deles (2 Tm 2:16:-21).
Nessa passagem, Paulo contrasta dois tipos de “ganho”: ganho material (v. 5), e ganho espiritual (v. 6). Falsos mestres irão muitas vezes promover ganho material em seu ministério, mas o verdadeiro Cristianismo promove ganho espiritual e contentamento com aquilo que Deus tem dado em coisas temporais. Ele diz: “é grande ganho a piedade com contentamento”. Ele também diz: “Tendo sustento e com que nos vestir, estejamos contentes” (ARA). Paulo era um exemplo prático disso (Fp 4:11-13). Podemos nos perguntar, “E quanto a um lugar para morar?” A palavra “vestir [cobrir – ARC], no grego, significa “uma cobertura”, sem especificar que tipo de cobertura. É, portanto, ampla o suficiente para incluir uma cobertura sobre nossas cabeças na forma de um lugar para habitar (um alojamento).


[1] N. do T.: Heterodoxo é aquilo que se opõe aos padrões, normas, regras ou a uma doutrina pré-estabelecida. Do grego hetero que significa “diversa” e doxa que significa “fé”. É o que está em desconformidade com a doutrina tradicional.

Nenhum comentário:

Postar um comentário